A fragilidade de uma sociedade susceptível a desafios e metas gera um contexto vital próprio de um cristianismo dramático, sentimental, melindroso e cheio de “não me toque”; um cristianismo utópico de paz e amor, sem sofrimentos, sem sacrifícios, que tudo aceita, tudo tolera, tudo suporta; um cristianismo repugnante, sensível, meloso, frágil, fragmentado, desnorteado, fraco… Um cristianismo de “católicos nutela”, nada aguenta, reclama de tudo, não consegue fazer penitência, acha difícil rezar, tem vergonha de se confessar, não tem paciência na missa… A realidade dos primeiros santos da Igreja vai nortear a verdade do cristianismo, apresenta a base do segmento a Jesus Cristo.
Os primeiros cristãos não pensavam duas vezes, deixaram as redes e família para seguir aquele imperativo categórico de Jesus, “Segue-me”, que lhes convidava para uma aventura incerta, misteriosa e cheia de obstáculos. Confessavam a sua fé sem vergonha, de maneira radical, entregando até a própria vida se fosse preciso. Tinham a coragem de dar a “cara a tapa” pelo Reino de Deus, eram “católicos raiz”, corajosos, “brutos” na fé, rezavam sem reclamar, lutavam contra o pecado com sinceridade, se esforçavam por viver a santidade de maneira radical, não tinham vergonha de expressar com a vida o amor que professavam.
Celebrando São Pedro e São Paulo, os seus exemplos ressaltam a grandeza do seguimento a Jesus e ao mesmo tempo nos mostram os desafios e obstáculos, as provações e provocações próprios daqueles que professam a fé. Dois grandes santos que viveram com autenticidade a fé cristã e entregaram as suas vidas pela causa do Evangelho. Não hesitaram diante dos perigos, não se calaram nos sofrimentos, não reclamaram porque estava sendo difícil ser cristão. Pelo contrário, a eloquência de seu sangue mostra a radicalidade da fé e nos ensina a necessidade de deixarmos de ser “católicos nutela” para levarmos a sério a fé que professamos, abraçar a cruz da renúncia ao pecado e de tudo aquilo que desagrada a Deus.
Trilhar os passos de Jesus é uma completa via dolorosa, em que devemos morrer a nós mesmos para sermos mais de Deus, um completo “mar de rosas” cheio de espinhos, onde somos provados nas dificuldades e purificados nos sofrimentos. A vida dos santos São Pedro e São Paulo é uma completa pregação, um estímulo que nos faz levantarmos da nossa preguiça para sermos mais de Deus, um exemplo que nos mostra tanto a maravilha de seguirmos a Jesus como também a dificuldade para alcançar o céu. Foram “católicos raiz”, com coragem, determinação e valentia enfrentaram todos os desafios em uma época em que dizer ser católico era assinar uma sentença de morte. A radicalidade da fé lhes fizeram ser mártires, testemunharam a Jesus.com suas vidas: Pedro foi crucificado de cabeça para baixo e Paulo foi decapitado. Não reclamaram das dificuldades, não buscaram facilidades, mas honram a fé que professavam.
“Mirem nas estrelas para acertar o céu!” Os santos são como as estrelas que brilham, deixam entrever por meio de suas vidas as centelhas da luz celeste, mostram que vale a pena entregar tudo pelo céu, pela causa do Evangelho. Os santos refletem na atualidade a autenticidade de um cristianismo verdadeiro, raiz, e questiona na vida de tantos cristãos a fragilidade de uma vivência fajuta da fé, fútil e superficial. Assim como a vida dos santos interpelam a cada cristão o modo de vivência da fé, através deles também Cristo atualiza na nossa vida pessoal a pergunta evangélica: “Tu me amas?” Não respondamos com palavras, mas com atitudes, com propósito, com a vida, assim como fizeram São Pedro e São Paulo, e como eles sermos “católicos raiz” na entrega total, sincera e verdadeira da vida.
Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior