Celebramos, hoje, a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, elevada em corpo e alma à glória celeste no fim de sua vida terrena. A palavra assunção vem do latim assumere e indica o fato do Filho Divino ter assumido para perto de si o corpo e a alma de sua Mãe no céu. Esse é o quarto e último dos dogmas marianos (definido solenemente em 1950 por Pio XII) e o corolário perfeito e necessário de todos os outros privilégios que Nossa Senhora recebeu durante a vida, especialmente aqueles significados nos outros dogmas: Imaculada Conceição, Maternidade Divina e Virgindade Perpétua.
Uma vez isenta do pecado no início de sua vida, convinha que também no fim dela fosse preservada das suas consequências, ou seja, se a Imaculada não contraiu a culpa original, ela não morreu ou, se morreu, não foi como consequência do pecado, mas para se associar ainda mais perfeitamente ao seu Filho Jesus que também nunca pecou e, mesmo assim, experimentou a morte que nos trouxe a verdadeira vida; dessa forma, assim como Cristo, crê-se que ela tenha sido ressuscitada imediatamente para a vida gloriosa e imortal, sem ter de esperar pela redenção do seu corpo no fim dos tempos como o restante de nós.
O principal fundamento da verdade sobre a Assunta está no fato de ela ser Mãe de Deus. O corpo que o Filho de Deus assumiu quando se encarnou veio direto da Virgem Maria. Convinha que o fim glorioso que teve a carne de Cristo tivesse também a de sua Mãe. Como perfeito observador da Lei Divina, era um dever moral do Redentor honrar a sua Mãe, depois do Eterno Pai, tanto quanto lhe fosse possível. “Que filho haveria, que, se pudesse, não ressuscitaria a própria mãe e não a levaria para o céu?” (São Francisco de Sales).
Sobre a relação com a virgindade antes, durante e depois do parto, Pe Roschini afirma que Maria “permaneceu milagrosamente incorrupta, mesmo quando deveria ter naturalmente se corrompido. Ora, quem não vê nessa preservação da corrupção do parto uma espécie de sinal e garantia de preservação da corrupção da morte? Um milagre reivindica o outro!”
Aprendemos com a Assunta o estilo de Deus que eleva os que se reconhecem pequeninos diante dele, dando espaço para o seu agir. Aprendemos sobre a imensa dignidade do nosso corpo que é igualmente chamado à glória junto à nossa alma, e o grande respeito e cuidado que ele merece nessa vida. Enfim, nosso maior consolo hoje vem da certeza de que o que Deus operou na Assunta, operará em cada um de nós. Que alegria saber que aquela que nos precede na futura morada celeste não é apenas mais uma de nós, mas a nossa Mãe!
Pe. João Paulo Cardoso Diocese de Anápolis