Ascensão do Senhor: “Corações ao alto”
“Hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao Céu; suba também com Ele o nosso coração.” (Santo Agostinho). Cada vez que ouvimos o convite do sacerdote na liturgia: “Corações ao alto!”, logo após o ofertório, iniciando o prefácio, devemos verdadeiramente nos transportar para junto de Deus no Céu. Mas o que é o Céu? Onde ele está?
Há algum tempo atrás, como também no tempo de Jesus, acreditava-se que o Céu era aquele lugar imenso e sem fim no espaço acima das nossas cabeças. Lá, Deus habitava e ninguém podia chegar. Contudo, quando o homem começou a conhecer as alturas com suas invenções, fomos percebendo que nossa concepção de Céu não poderia continuar sendo a mesma. Por isso, quando dizemos que Jesus subiu ao Céu, estamos falando de algo muito mais profundo do que apenas elevar-se alguns mil metros do chão…
O evangelho de São Marcos (16,19), que ouvimos hoje, faz-nos mergulhar nesse mistério: “Foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus”. Eis aí! Ir para o Céu quer dizer ir para junto de Deus; estar no Céu é o mesmo que estar perto de Deus! Nesse sentido, podemos dizer que o Céu só se formou quando a primeira criatura foi permanecer definitivamente na presença de Deus. Sendo assim, Jesus não foi para um Céu já existente quando saiu da terra, mas foi para formar um! Por isso, Ele disse: “Vou preparar-vos um lugar… voltarei e vos levarei comigo para que, onde eu estiver, estejais também vós” (Cf. Jo 14,2-3). O Céu é estar com Deus, é o nosso fim último, o Céu é a nossa maior vocação!
Nós, cristãos, só não somos mais felizes e realizados em Deus porque não paramos para meditar que o nosso coração é grande demais para esse mundo pequeno, que nada sobre essa terra é capaz de saciar plenamente o ser humano. É porque fomos criados para o Céu! E o nosso coração continuará inquieto enquanto lá, em Deus, não repousar, dizia Santo Agostinho. Somente n’Ele, encontra-se toda a nossa felicidade. Por isso, não importa o que façamos, quantos prazeres busquemos, que bens materiais adquiramos ou, até mesmo, a que sorte de pecados nos entreguemos, nunca estaremos satisfeitos, sempre vamos querer “mais”…
Deve ser uma “cultura” na vida de todo cristão, sacerdotes e leigos (consagrados ou não), falar mais do Céu, pensar mais nessa eterna bem-aventurança! Quanto mais no Alto pensarmos, mais desprendidos daqui de baixo estaremos. “Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6, 21). Que o nosso tesouro seja, já aqui na terra, o Céu! Para que, ao participarmos da Missa, naquele momento do prefácio e por toda a nossa vida, possamos dizer com a alma voltada para o que é Eterno: “O nosso coração está em Deus!”