Fomos feitos para felicidade! Uma verdade experimentada por todo ser humano, o sentido de todos os esforços e lutas, o desejo mais intenso do seu coração: a felicidade. A frustração da limitação humana exige uma resposta, o medo do mal mais iminente e certeiro necessita superação, o sentimento de eternidade nos faz repugnar a realidade mais drástica e dramática que é a morte. A nossa vida tende para uma felicidade que vença completamente a sombra do mal, aniquile o “último dos inimigos”: a morte. A ressurreição de Jesus completa, de forma magistral e divina, aquilo que a humanidade mais almejava, o sentido de suas correrias: a felicidade que supera todo mal.
Celebrar o Domingo da Ressurreição é celebrar a felicidade da vitória de Jesus sobre a morte. Uma novidade transformadora, que muda totalmente o eixo da sociedade e confirma a fé daqueles poucos discípulos amedrontados pela morte de seu mestre. A novidade da ressurreição corre por toda sociedade humana, perpassa o tempo e se insere na nossa realidade atualizando aquela mesma felicidade de Maria Madalena ao se encontrar com o Mestre ou dos apóstolos ao chegarem no túmulo vazio.
Não é uma novidade antiga e ultrapassada, mas real e atual. A ausência no túmulo se torna motivo de felicidade para todos os cristãos, não é uma história fantasiosa, uma intensão meramente espiritual, mas uma verdade histórica que transcende toda história e dá sentido à constante busca de felicidade do homem. Muitas vezes escutamos as pessoas dizerem para outras “correrem atrás da felicidade”, “correr atrás do amor de sua vida”, “correr atrás de seu sonho”, “correr atrás do prejuízo”… Quase nunca se escuta correr atrás de Deus. É certo de que Ele vem ao nosso encontro, mas também é certo de que nós devemos ir ao seu encontro. A verdade da ressurreição somente foi constatada graças aqueles discípulos que não se acomodaram na tristeza do luto, mas saíram, correram até o túmulo e se tornaram testemunhas da ausência e proclamadores da ressurreição. Da mesma forma, a alegria da Páscoa somente se encontra na medida que somos capazes de sairmos de nós mesmos para estar junto ao Senhor, testemunhar sua presença na ausência do túmulo. A Páscoa não deve se tornar o momento de esmorecimento espiritual, graduação das penitências quaresmais, motivo de esquecimento da oração, ao contrário, deve se tornar o ápice daqueles que morreram com Cristo e junto a Ele ressuscitam para uma vida nova.
Se ainda não somos capazes de vibrar e nos alegrar com a ressurreição do Senhor é porque talvez estamos correndo para o lado errado, utilizando essa festa apenas para banquetes com a família, bebedeiras com os amigos, oportunidades de um grande comércio, momento de quebrar a dieta, libertação das promessas, jejuns e penitencias da quaresma… Tudo isso, menos um encontro com o ressuscitado na Eucaristia, na Santa Missa, na Confissão e na oração. A nossa alegria consiste em estar com nosso Deus, encontrar o ressuscitado, presenciar a ausência no túmulo na Igreja, correr ao seu encontro, sair do nosso comodismo pagão e viver a alegria da generosidade cristã.
Escutamos as pessoas dizendo que “para tudo tem jeito, menos para a morte”, pois é, até para isso Deus deu um jeito, vencendo a morte e confirmando também a nossa vitória, motivo da nossa alegria e sentido da nossa fé. Deus não está morto! Está vivo e vive entre nós, vive em nós, razão da nossa felicidade, por isso clamamos e cantamos nosso hino de alegria engasgado durante toda a quaresma: Aleluia, Aleluia!
Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior Paróquia Divino Pai Eterno