Sobre o primeiro aspecto, o Santo Padre recordou que, com frequência, fala do dom das lágrimas e de quanto este dom é precioso: “Pode-se amar de maneira fria? Pode-se amar por obrigação, por dever? Certamente não! Existem aflitos para consolar, mas às vezes existem também consolados para afligir, para despertar, que têm um coração de pedra e desaprenderam a chorar. Despertar quem não sabe se comover com a dor dos outros”.
Para Francisco, o luto é um caminho amargo, mas que pode ser útil para abrir os olhos sobre a vida e sobre o valor sagrado e insubstituível de cada pessoa, dando-se conta da brevidade do tempo.
Já o segundo significado é chorar pelo pecado, sobre o qual é preciso fazer uma distinção: quem se altera porque errou e chora por orgulho e, ao invés, quem chora pelo mal cometido, pelo bem omitido, por ter traído a relação com Deus. “Este é o choro por não ter amado. Chora-se porque não se corresponde ao Senhor, que nos quer tão bem, e nos entristece o pensamento do bem não feito; este é o sentido do pecado. Deus seja louvado se chegarem essas lágrimas!”.
Trata-se de enfrentar os próprios erros, “difícil, mas vital”, como fez São Pedro, cuja decepção o levou a um amor maior, revelou o Papa. O Pontífice prosseguiu: “Pedro olhou para Jesus e chorou e o seu coração foi renovado. Já Judas não aceitou seu erro e se suicidou”.
“Entender o pecado é um dom de Deus, é uma obra do Espírito Santo. Nós, sozinhos, não podemos entender o pecado. É uma graça que devemos pedir: ‘Senhor, que eu entenda o mal que fiz ou que posso fazer’. É um grande dom. E depois de entender isso, vem o choro do arrependimento”.
Como sempre, a vida cristã tem na misericórdia a sua melhor expressão. Portanto, o Santo Padre esclareceu que sábio e beato é quem acolhe a dor vinculada ao amor, porque receberá a consolação do Espírito Santo, que é a ternura de Deus que perdoa e corrige.
“Deus sempre perdoa, não se esquecer isto. Mesmo os piores pecados. O problema está em nós, que nos cansamos em pedir perdão. Este é o problema. Quando alguém se fecha, não pede perdão e Ele está ali para perdoar. (…) Que o Senhor nos conceda amar em abundância, amar com o sorriso, com a proximidade, com o serviço e também com o choro”, concluiu o Pontífice.
Fonte: Vatican News