A Santa Missa é oração por excelência que se oferece a Deus nesta terra, pois é a oração de Jesus: “dirijo-te esta oração” (Jo 17,13) – diz o Senhor ao Pai em cada celebração eucarística. Efetivamente, Jesus subiu aos céus e “vive sempre para interceder” por nós (Hb 7,25). Aprofundemos o conteúdo dessa oração também observando sua própria estrutura.
No contexto da liturgia, Palavra é o que o Senhor nos fala através das leituras (Liturgia da Palavra); Pão, a Santíssima Eucaristia (Liturgia Eucarística). Em todas as Igreja apostólicas, as celebrações litúrgicas se estruturaram em torno desses dois elementos: Palavra e Pão. Testemunha-o Justino de Roma, que viveu no século II: “no dia que se chama do Sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto o tempo o permite, as memórias dos Apóstolos ou os escritos dos Profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo “Amém”. Vem depois a distribuição e participação feito a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos” (I Apologia, 67,3-5). A estrutura da Santa Missa do século II é a mesma da que se celebra no século XXI.
Logicamente, quando se fala do Pão e do Vinho consagrados estamos a falar do Corpo e do Sangue do Senhor, nosso banquete sacrifical. Pela ação do Espírito Santo (epiclese) e pelas palavras da consagração – isto é o meu corpo! Este é o cálice do meu sangue! – o pão e o vinho realmente se transformam no Corpo e no Sangue adoráveis de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um dos textos de S. Cirilo de Jerusalém, do século IV, mostra que a fé dos discípulos de Cristo não sofre alteração: “Sê vigilante a fim de que não percas nada do Corpo do Senhor. Se deixasses cair alguma coisa, deverias considerá-lo como se tivesses cortado um dos membros de teu próprio corpo. Dize-me, peço-te, se alguém te desses grãozinhos de ouro, não os segurarias com a máxima cautela e diligência, com intenção de nada perder? Não deverias cuidar, com cautela e diligência ainda maior, a fim de que nada e sequer uma migalha do Corpo do Senhor possa cair no chão, porque é muito mais precioso do que o ouro ou pedras preciosas?” (Cirilo de Jerusalém, Cateq. Myst., 5,21; PG 33,1125). Cuidemos de Jesus: adoremo-lo e recebamo-lo com amor e devoção! É nosso Deus e se nos oferece em comunhão para que possamos viver a comunhão já aqui na terra e, quando chegar nosso momento, eternamente no céu.
Pe. Dr. Françoá Costa