Diocese de Anápolis

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Padre João Paulo Cardoso reflete sobre o evangelho da samaritana neste 3º domingo da Quaresma

“Os dois sedentos”

Neste domingo, estamos diante do diálogo mais cumprido, e um dos mais belos por sinal, de todo o Novo Testamento, o diálogo entre Jesus e a Samaritana. Esta mulher vai àquele poço porque está com sede; Jesus, ao chegar lá, também diz: “dá-me de beber”. É um colóquio entre dois sedentos, que começam a conversa com sedes diferentes que acabam se “casando” no fim. O diálogo começa falando sobre água e avança para o desejo de Deus.

Jesus se senta no poço. Isso é sinal não só do seu cansaço, mas sentar-se demonstra um estado de permanência; isso nos mostra que Deus sempre tem sede das nossas almas, deseja estar conosco e se demora com cada um de nós para despertar esse desejo também no nosso coração. A samaritana também tem seus anseios, é uma mulher de fortes desejos. Isso fica claro quando Jesus diz que ela já teve cinco maridos e estava com um sexto que não lhe pertencia.

Nós somos essa mulher! Também nós estamos cheios de desejos, sempre estamos à procura de algo e nunca satisfeitos. Na linguagem das Sagradas Escrituras e na tradição judaica, sete é o número da perfeição. Podemos, então, dizer que, naquele momento, aquela samaritana encontrou o seu sétimo esposo, o esposo perfeito, Aquele único capaz de saciar completamente a sua sede, aquela sede não está somente na garganta, mas no coração. “Fizeste-nos para ti, Senhor, e inquieto estará o nosso coração enquanto não repousar em ti!” (Santo Agostinho).

Isso fica evidente quando reparamos, pela narração do evangelho, que ela “deixou o seu cântaro” ali, no poço; ela se esquece da sua antiga sede, que não tinha fim, porque agora encontrou uma “água viva” que sacia por completo. Essa água é sinal do nosso batismo que estamos para renovar na Páscoa que se aproxima, ou seja, já temos em nós a graça que nos sacia, basta procurar dentro. Que as palavras da samaritana sejam a nossa sedenta oração de hoje: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede”.

 

 

Pe. João Paulo Cardoso

Vice-reitor do Seminário Maior Diocesano Imaculado Coração de Maria.

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