Diocese de Anápolis

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Padre Carlito reflete sobre o processo de conversão neste 10° Domingo do Tempo Comum

O processo de conversão requer um verdadeiro encontro pessoal e íntimo com Jesus Cristo, uma mudança de hábitos e uma transformação do coração. A conversão extirpa a maldade e dá lugar à bondade, sai a malícia e entra a inocência, cega os defeitos e enxerga as qualidades, às críticas dão espaço à compreensão, os julgamentos à misericórdia. Quem se sente amado, perdoado, compreendido por Deus aprende também nos seus relacionamentos mais próximos a praticar aquilo que recebe. A verdadeira conversão converge todo o nosso ser para assemelharmos mais a Jesus Cristo, esse é o processo de santificação na vida de cada cristão.

Deixamos a vida de pecado, renunciamos a nós mesmos para seguir um modo de vida pautado em Jesus Cristo. Contudo, o nosso desejo e empenho pela busca de santidade pode gerar em nós um espírito sorrateiro de críticas, comparações e julgamentos que jogam por terra as nossas lutas e desvirtuam a sinceridade de nossa entrega. Porque estamos vivendo a santidade nos colocamos como medida de santidade para os outros e nos achamos no direito de criticar, apontar o dedo e até condenar aqueles que não vivem à nossa medida, do nosso jeito ou segundo o que achamos certo.

Esquecemos que a medida é Jesus Cristo, exigimos uma conversão para os demais do dia para noite, não compreendemos que é um processo e que cada pessoa tem um ritmo de entrega, de doação e que a graça de Deus na vida das pessoas vem de diferentes formas e tempos distintos. Nós nos achamos melhores que os demais porque não vivemos como eles, porque nos convertemos, porque estamos buscando a santidade, porque estamos sempre na Igreja, porque comungamos… Esse espírito de superioridade, arrogante e prepotente, gera um cristianismo tóxico, de pessoas perfeitas que criam uma igreja para os perfeitos, que fecham as portas aos demais, não compreendem o processo de conversão, não são misericordiosos, mas maldosos nas críticas, não acolhem, mas espantam, não abraçam, mas repelem.

No Evangelho da conversão de Mateus se coloca claramente a justaposição entre os fariseus, santos e fieis, cumpridores da lei, e Jesus com Mateus e publicanos. A proposta de Jesus é baseada no acolhimento, na misericórdia, na compreensão, no resgate dos pecadores. Todos aqueles que fazem uma experiência de Jesus Cristo devem abrir os horizontes do coração para amar o pecador independentemente do seu pecado. Sem compactuar com o pecado, olhar com misericórdia para o pecador, acreditar no melhor de cada um, enxergar mais as graças do que as desgraças, praticar o verdadeiro amor cristão sem repelir, criticar ou julgar, mas rezar, acompanhar e acolher.

Uma santidade que não santifica é balela, poeira ao vento, discurso vazio. A santidade, como um processo contínuo de identificação com Jesus Cristo, nos compromete com responsabilidade a amar os nossos irmãos como nós somos amados por Deus, como somos perdoados, perdoar, como somos acolhidos, acolher. A santidade não nos faz melhores que os demais, nos faz corresponder na vivência pessoal aquilo que experimentamos na vivência espiritual. Cessem as críticas, calem os julgamentos, silenciem as condenações, aprendamos também o que significa “Quero misericórdia e não sacrifício”.

Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior 

Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus 
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