O Ano da Igreja não se identifica com o ano civil, este começa em janeiro; aquele, aproximadamente no final de novembro. O 34º domingo do Tempo Comum, que sempre coincide com a solenidade Jesus Cristo Rei do Universo, e sua correspondente semana, marcam o final do Ano Litúrgico ou Ano da Igreja. O 1º domingo do Tempo do Advento marca o ano novo da Comunidade Cristã.
Odo Casel, famoso teólogo da liturgia do século XX, em seu livro Mistério do Culto Cristão, dizia que assim como o círculo é símbolo da eternidade, a Igreja, através do Ciclo Litúrgico, vive na presença do Eterno, de Deus, e que Jesus Cristo nos envia através do Ano da Igreja uma centelha mística e palpável do seu dia eterno em Deus-Pai. No fundo, o Ano Litúrgico nada mais é que a celebração do Mistério de Cristo em sua totalidade: Jesus nasce, vive entre nós, morre, ressuscita e doa o Espírito Santo. Isto é, no curso do Ano Eclesiástico, o Espírito Santo atualiza para nós a Pessoa e a Obra de Nosso Salvador Jesus Cristo através de cada celebração e através dos distintos tempos do Ano Litúrgico.
No Ano Litúrgico nós temos os dias litúrgicos, dos quais o mais excelente é o domingo, dia do Senhor; também são dias litúrgicos as solenidades, as festas e as memórias da Igreja; finalmente, os demais dias da semana. Em suma, todos os dias são litúrgicos a partir do domingo, símbolo do começo e da eternidade. No Ciclo Anual, o momento mais importante de todos é o Tempo da Páscoa, precedido pelo Tempo da Quaresma; a seguir vem o Tempo do Natal, precedido pelo Tempo do Advento; finalmente, o Tempo Comum. Em reflexões posteriores veremos cada um desses Tempos da Igreja. Por ora basta ter em conta outro dado: “nos vários tempos do ano litúrgico, segundo a disciplina tradicional, a Igreja aperfeiçoa a formação dos fiéis por meio de piedosos exercícios espirituais e corporais, pela instrução e oração, e pelas obras de penitência e de misericórdia” (NUAL, 2). Deixemo-nos formar, também pela nossa Santa Mãe Igreja: ela quer o nosso bem, conduzida sempre pela verdade, para nos levar a contemplação da beleza de Deus.
Pe. Dr. Françoá Costa