Diocese de Anápolis

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O Código Da Vinci e os cristãos

Depois de vender milhões de exemplares, graças a uma forte campanha de marketing e a uma bem montada história policial, apimentada por “segredos”, códigos, suspenses, ritmo alucinante e, sobretudo, por uma odiosa campanha contra o cristianismo, e em especial contra a Igreja Católica, a obra de Dan Brown intitulada 0 Código Da Vinci chega aos cinemas. Ora, se até pessoas consideradas cultas, ficaram “balançadas” com as afirmações desse livro, por não disporem de conhecimentos para refutar suas teses falsas ou mirabolantes, imagine se o mal que o filme poderá fazer ao povo cristão em geral, levando o à dúvida ou à desconfiança quanto à verdade que sempre lhe ensinaram sobre Cristo e a Igreja. Para esclarecer os católicos, em particular, e os cristãos e o povo em geral, preparamos este texto, em perguntas e respostas, para mostrar a “montanha” de falsidades que serve de base a O Código Da Vinci. Vamos mencionar apenas os piores absurdos, porque se fôssemos comentar tudo, escreveríamos um calhamaço ainda mais volumoso que a obra em questão.

O Código Da Vinci é um livro de história?

Não, de forma alguma. É uma novela policial, isto é, uma obra de ficção, de imaginação. Como tal, é produto da fantasia e criatividade do seu autor.

É, então, uma novela histórica?

Também não. Novelas ou romances históricos procuram reconstituir com exatidão determinado ambiente histórico ou determinado(s) personagem(ns). 0 Código Da Vinci gira em torno de lendas, como a do Santo Graal ou o casamento de Jesus com Madalena. Não basta mencionar fatos e personagens históricos para que uma obra seja considerada novela histórica. 0 livro de Dan Brown cita fatos históricos verdadeiros misturados com falsificações e interpretações mirabolantes e tendenciosas, inspiradas por um grande ódio à Igreja Católica. Essa “mistura” é que pode confundir os leitores, que não são obrigados a conhecer em minúcias a História.

Você falou em teses falsas que a obra contém. Pode citar algumas?

Sim, mas antes de citar essas teses falsas, vejamos uma lista de erros factuais dos mais simples e comuns na obra. Citaremos as afirmativas errôneas de Dan Brown e, entre parênteses, a correção.

a) Paris, capital da França, foi fundada pela dinastia real dos merovíngios.
(Não: ela foi fundada pelos Parisii, tribo francesa, no século III antes de Cristo, cerca de 800 anos antes da dinastia merovíngia!)

b) Os manuscritos do Mar Morto foram descobertos na década de 50 (1950) do século passado e contêm a história do Santo Graal. (Falso: eles foram descobertos em 1947 e contêm cópias de livros da Bíblia e outros escritos dos essênios, como a regra da sua comunidade. Nada a ver com Santo Graal).

c) A vida de Jesus foi objeto de milhares de relatos na Antigüidade e de mais de 80 evangelhos. (Até os dias de hoje milhares de livros se escreveram sobre Jesus, mas na Antigüidade o número foi muito menor, porque quase não havia escolas, não havia imprensa, os pergaminhos e papiros eram muito caros e pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever. Quanto aos “80 evangelhos”, este é um número sem fundamento; provavelmente Dan Brown, numa de suas costumeiras confusões, considerou os escritos apócrifos em geral como “evangelhos”. Mas são muito poucos os escritos das seitas heréticas, como a dos gnósticos, que se denominavam “evangelhos”. Por exemplo: em Nag Hammadi, no Egito, foram descobertos mais de 50 escritos gnósticos: entre eles, apenas 5 se denominavam “evangelhos’).

d) O Imperador Constantino escolheu apenas quatro evangelhos como verdadeiros, porque serviam a seus fins. (Grave erro histórico: antes de Constantino nascer (ele é do século IV d.C.), os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João eram conhecidos e considerados como os autênticos testemunhos de Jesus, de acordo com o ensino dos Apóstolos. Somente eles são citados no Cânon de Muratori, do século II, como autênticos; somente eles são harmonizados no Diatesseron (os quatro Evangelhos num só) de Taciano (séc. 11) e somente eles são mencionados pelos Padres da Igreja e por bispos do séc. 11 Inácio de Antioquia, Justino Mártir, Ireneu de Lião, etc. como aceitos na Igreja).

e) “Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia”; o Imperador Constantino convocou esse Concílio para que ele declarasse a divindade de Jesus. (Falso; o Imperador convocou o Concílio, que se realizou em 325 d.C., para discutir as idéias de Ário, um padre de Alexandria, o qual afirmava, em resumo, que Jesus era inferior ao Pai, e estas idéias novas estavam provocando muita polêmica. 0 Concílio, por 300 votos contra 2 e 16 abstenções reafirmou a doutrina tradicional cristã: Cristo é Deus, como o Pai e o Espírito Santo. É o Filho de Deus encarnado. Isso não é invenção de Constantino, pois é a fé que se expressa em todo o Novo Testamento, escrito no século I por Apóstolos ou discípulos diretos dos Apóstolos).

f) Entre esses evangelhos censurados pela Igreja estaria o “lendário Documento Q, talvez escrito pelo próprio Cristo pág. 242. (Dan Brown parece que ouviu o galo cantar mas não sabe onde. “Documento Q” não é um evangelho, mas uma hipótese sugerida por estudiosos para explicar as palavras de Jesus que constam nos Evangelhos de Lucas e de Mateus, mas não no Evangelho de Marcos. É que os dois se teriam abastecido dos ditos de Jesus que já teriam sido escritos anteriormente pelos cristãos não por Cristo! Esta seria a fonte (Quelle, em alemão, daí a letra Q para designá la) que os dois evangelistas teriam usado. Essa hipótese é aceita pela maioria dos estudiosos, mas não por todos).

g) Os livros da nossa Bíblia, sobretudo os Evangelhos, sofreram “incontáveis traduções, acréscimos, revisões…” (É verdade que foram muito traduzidos; quanto aos incontáveis acréscimos e ou revisões, isto é desmentido pela filologia bíblica (estudo dos textos bíblicos antigos). Temos papiros com textos do Novo Testamento datados dos anos 125, 150, 200, 220, etc. e esses textos são iguais aos de hoje, com mínimas variantes, atribuídas a erros de copistas. Vejam o que diz um estudioso da Bíblia, Rudolf Thiel: “A Providência divina não se limitou a dar à humanidade, na Bíblia, a revelação divina, mas também se preocupou a fim de que estes livros do Novo Testamento permanecessem essencialmente inalterados através dos séculos. Todo aquele, pois, que estiver familiarizado cientificamente com os manuscritos do Novo Testamento deve admitir que nenhum livro da Antigüidade foi transmitido com tanta limpidez, com tanta certeza e precisão quanto a Bíblia”. 98% do texto do NT pode ser hoje reconstituído sem qualquer dúvida razoável).

h) Constantino é que tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano. (Falso; uma consulta a qualquer manual de História teria ensinado a Dan Brown que essa medida foi tomada pelo Imperador Teodósio, que governou de 379 a 395 d.C.).

i) Brown afirma que Jesus, como Messias, derrubou reis, fundou novas filosofias… (Tremenda invencionice: não existe nenhum registro do mundo antigo mostrando que Jesus tenha derrubado algum rei; pelo contrário, Ele foi preso, julgado, condenado e morto. E também não foi filósofo, mas um pregador religioso itinerante).

Por esses exemplos, podemos verificar quanto Dan Brown erra nos fatos e nas afirmações. Poderíamos lembrar outros casos: ele atribui ao personagem Jacques Saunière, idoso e mortalmente ferido, o ter retirado da parede um quadro de Caravaggio, no Museu do Louvre. Só que se esqueceu de ver o peso do quadro: cerca de 100 quilos… A certa altura, a personagem Sophie Neveu procura chantagear um dos guardas do referido Museu, ameaçando rasgar a tela do quadro A Dama das Rochas, de Leonardo da Vinci. Lástima: o quadro não foi pintado em tela, mas em madeira… Afirma, mais de uma vez, que A Última Ceia, do mesmo Leonardo, é um afresco. Não é, mas uma simples pintura mural que utilizou outra técnica, aplicando têmpera sobre uma base fina, numa parede de pedra. Dan Brown declara, ainda, que a pirâmide de vidro construída no Governo François Miterrand na frente do Museu do Louvre, teria, propositalmente, 666 placas de vidro (666 é o número da besta anticristã e perseguidora, segundo o livro do Apocalipse). Na realidade, ela possui 675 vidros em formato de losango e outros 118 retangulares. E assim por diante…

A “OPUS DEI” (Obra de Deus)

Que é a Opus Dei, que Dan Brown procura desmoralizar em seu livro?

É uma organização fundada em 1928 por São Josemaría Escrivã de Balaguer, padre espanhol. 0 Papa João Paulo II concedeu lhe o status de prelazia pessoal, isto é, subordinada diretamente ao Papa.
A finalidade da Opus Dei é levar seus membros à vivência séria e profunda do Evangelho, em todas as classes da sociedade, especialmente por meio da santificação do trabalho profissional, contribuindo dessa forma para a santificação do mundo. Isto é conseguido por meio da prática das virtudes cristãs, da oração e do sacrifício, conforme proposto no livro “Caminho”, do fundador.
Os fiéis que desejam ingressar na instituição o fazem livremente. Ela possui atualmente cerca de 80.000 membros. Sua sede encontra se em Roma. Ela tem sustentado muitas obras de promoção humana e social em países subdesenvolvidos.

Dizem que a Opus Dei obriga seus membros a mortificações corporais…

Não é correto dizer que “obriga”, mas propõe, entre muitas alternativas de sacrifícios e penitências, também a possibilidade de mortificações corporais, para que seus membros se unam mais intimamente à paixão de Cristo. Aliás, mortificações corporais como o jejum, o cilício, a disciplina sempre existiram na história da Igreja. São Paulo, dizia que castigava o próprio corpo para reduzi lo à servidão (1 Cor 9,27). Muitos santos o imitaram, assim como várias congregações religiosas.

Por que a Opus Dei é tão caluniada?

Trata se de uma organização que trabalha discretamente, até para poder melhor desenvolver seu apostolado específico, o de imitar a Cristo no próprio trabalho e agir na sociedade. Na falta de informações, surgem as lendas. Uns poucos ex membros, que saíram magoados da Organização, fizeram depoimentos como o publicado recentemente pela revista Época marcados por mágoas ou ressentimentos. A Opus Dei é combatida também por pessoas de esquerda, porque deu seu apoio político à Democracia Cristã e não combateu o franquismo, quando este dominava a Espanha. Quanto ao personagem Silas, na novela de Dan Brown, é uma criação pessoal deste autor, que não tem nada a ver com a Opus Dei. Mostrar esta organização como capaz de todos os crimes para chegar a seus fins é uma difamação mentirosa e odiosa.

É oportuno lembrar, a propósito dessas campanhas de difamação, a bem-aventurança evangélica: “Felizes sois vós quando vos insultam, vos perseguem e, mentindo, dizem contra vós toda a espécie de mal, por minha causa. Alegrai-vos e regozijai vos, porque grande é a vossa recompensa nos céus: foi assim, com efeito, que perseguiram os profetas que vos precederam.” (Mt 5, 11s).

OS EVANGELHOS APÓCRIFOS

É verdade que a Igreja “escondeu” muitos evangelhos, que nos dariam a verdade sobre Jesus, mostrando O mais humano e casado com Madalena?

Nada mais falso. 0 que aconteceu foi o seguinte: no tempo em que os Apóstolos ainda viviam, ou seja, no séc. I d.C., foram escritos quatro Evangelhos, por eles mesmos (Mateus, João) ou discípulos seus (Lucas, Marcos). Esses quatro escritos logo adquiriram a aceitação da Igreja, por terem atrás de si a autoridade apostólica, as testemunhas autorizadas de Jesus. Eles passaram, gradualmente, a ser lidos na liturgia.
Mas, quando o cristianismo começou a estender se por outras regiões, sobretudo em volta do Mar Mediterrâneo, encontrou muitas e diferentes crenças religiosas e filosóficas: o helenismo (especialmente o platonismo e o estoicismo), o parsismo (religião originária da Pérsia), as religiões pagãs e politeístas, sobretudo da Grécia e de Roma, os cultos de mistério (gregos ou egípcios), especulações judaicas não ortodoxas, etc.
Muitos adeptos dessas religiões ou crenças aceitaram também algumas doutrinas cristãs e o papel salvador de Cristo, mas misturaram tudo isso com as suas próprias visões culturais e religiosas. É o que se chama de sincretismo. Passaram a ensinar doutrinas que nada tinham a ver com o cristianismo original, ou que o deturpavam em pontos importantes (levando a “heresias”). Os sucessores dos Apóstolos ficaram preocupados com a situação e passaram a definir quais eram os escritos aceitáveis para os cristãos e para a leitura nas liturgias, selecionando somente aqueles que vieram dos Apóstolos ou de discípulos a eles ligados diretamente como “escritura inspirada”.Outras obras foram consideradas úteis e edificantes, embora não inspiradas.
Houve também livros que não foram escolhidos, mas desaconselhados, por expressarem doutrinas incompatíveis com o cristianismo, entre eles os escritos gnósticos. Esses ficaram restritos às seitas ou grupos heréticos que os produziram. Na medida em que elas foram desaparecendo, eles também se perderam. Mas foi exatamente graças aos chamados “Padres da Igreja” (os primeiros escritores cristãos) que a existência de muitos desses apócrifos chegou ao nosso conhecimento. Pois, para refutá los os Padres costumavam citá los e resumir a sua doutrina. Evidentemente, eles exortavam também os cristãos a não lerem esses livros, para não colocar a sua fé em perigo.
É preciso não esquecer, igualmente, que muitas dessas seitas procuravam manter esses escritos como secretos (é o que significa a palavra “apócrifos”), acessíveis somente aos iniciados. Não é verdadeira, portanto, a afirmativa que se lê constantemente em artigos sensacionalistas da nossa mídia, segundo a qual a Igreja “escondeu” esses escritos apócrifos. 0 que ela fez foi algo necessário e fundamental: discernir e separar o joio do trigo.
Quanto ao aspecto “humano” de Jesus, é preciso informar que os gnósticos consideravam o corpo como mau; por isso, muitos tinham dificuldade em aceitar que Deus Filho tivesse realmente assumido um corpo humano. Esses “evangelhos” não contêm narrativas, como os evangelhos canônicos. Neles, Jesus é apenas um mestre que fala e ensina. Eles não nos falam da humanidade de Jesus, de suas emoções, de seus sofrimentos e lágrimas, de sua fome e sede, de seu cansaço… Portanto, os quatro evangelhos verdadeiros é que nos mostram a humanidade do Salvador.
E para completar: os escritos apócrifos são tardios, elaborados nos séculos II, III e IV. Os quatro evangelhos canônicos, ao contrário, foram escritos poucas décadas após a morte de Jesus.

Mas então os quatro evangelhos canônicos não foram escolhidos pelo Imperador Constantino, como afirma O Código Da Vinci?
Não. Confira os esclarecimentos dados acima, na alínea “d”.


QUEM ERAM OS GNÓSTICOS?

Os gnósticos formavam um conjunto de seitas que se desenvolveram sobretudo a partir do século 11 d. C. Além dos cristãos gnósticos, existia um gnosticismo não cristão, com algumas idéias semelhantes: o hermetismo (doutrinas secretas, de cunho filosófico religioso, que se desenvolveram especialmente no Egito) e o gnosticismo popular, criado por Simão, o Mago, que se orientava para a magia, com fórmulas secretas, cerimônias e ritos mágicos).
Em 1945 foi descoberta em Nag Hammadi, no Egito, uma biblioteca gnóstica, com cerca de 50 títulos, conservados graças ao clima seco do deserto. A maioria desses documentos pode ser datada do séc. III ao séc. IV. Recentemente descobriu se também um texto chamado de Evangelho de Judas, escrito em copta, do séc. III ou IV depois de Cristo. Trata se de um escrito da seita dos cainitas, cuja especialidade era revalorizar as pessoas que a Bíblia censura: Caim (do qual deriva o nome da seita), que assassinou seu irmão Abel; Esaú, o irmão inimigo de Jacob; Coré, que se revoltou contra Moisés; Judas, que traiu a Cristo, etc. Como vêem, essa seita era “do contra”.
É evidente também que Judas não escreveu nenhum Evangelho, pois suicidou-se logo após a prisão de Cristo. E o que o Senhor pensava dele está dito nos Evangelhos verdadeiros: “0 Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem será entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” (Mt 26, 24).

Quais eram as idéias dos gnósticos?

Os gnósticos, em geral, tinham doutrinas complicadas e confusas, nem sempre coerentes. Apresentavam mitos fantásticos sobre Deus, a criação, anjos e demônios e as hierarquias ou poderes espirituais, que chamavam de “éons”. Ler atualmente a maioria desses livros é um desafio à paciência. Algumas idéias, que hoje nos parecem meio malucas, mas eram compreensíveis dentro da cultura dominante em algumas daquelas regiões, eram comuns à maioria dos gnósticos:

a) A distinção entre uma Potência Suprema, espiritual, que era o bem, e o Demiurgo, criador da matéria e dos corpos,. que são maus e dominados por potências más ou imperfeitas. Esse demiurgo, em muitas correntes gnósticas, é uma espécie de Satanás.

b) 0 drama dos seres humanos reside no fato de possuírem em si uma centelha espiritual (o bem), que ficou aprisionada no corpo material (que é mau).

c) A salvação (que, para eles, consistia na libertação desse espírito aprisionado), é obtida apenas pelo “conhecimento” (em grego, “gnosis”).

d) Este conhecimento, por sua vez, era alcançado pela iniciação nos segredos da seita, acessíveis a poucos. Um Salvador veio do mundo espiritual para reconduzir até o mundo superior, espiritual, as almas dos eleitos.

Segundo O Código Da Vinci, porém, os gnósticos eram veneradores do “sagrado feminino”, ao contrário da Igreja.

Bobagem de Dan Brown. O que acontece é que um dos gnósticos mais conhecidos do séc. II d.C., chamado Valentino, foi o autor de um sistema mitológico baseado na conjunção de entidades masculinas e femininas. Para ele, a partir de Deus, que era chamado de “Abismo” e de “Silêncio”, havia emanações sucessivas em pares de “Poderes” (que ele denominava “éons”). Um dos éons inferiores era Sofia (Sabedoria), que teve uma “queda” e originou o Demiurgo, o qual criou o mundo material. Os homens criados distribuíam se em três classes: os carnais (materialistas, incapazes de salvação); os psíquicos (que podem alcançar algum conhecimento espiritual), e os espirituais, os únicos que podem receber com certeza o verdadeiro conhecimento e a salvação.
Como as teses de Valentino eram adotadas por alguns dos documentos de Nag Hammadi, Dan Brown pode ter se baseado nessas idéias para falar de culto do “sagrado feminino” entre os gnósticos. Mas é absolutamente falso afirmar que os gnósticos, em geral, cultuavam a mulher. A maioria, pelo contrário, demonstrava aversão à mulher (misoginia), como podemos comprovar no texto gnóstico conhecido como “Evangelho de Tomé”:
114. “Simão Pedro lhes disse: ‘que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da Vida.’ Jesus disse: ‘Eis que vou guiá la para torná la macho, para que ela se torne também espírito vivo semelhante a vós, machos. Pois toda mulher que se fizer macho entrará no Reino dos céus.”
Outro exemplo: o Livro de Tomé Lutador lança a seguinte maldição: “Ai vós que amais a relação sexual, que pertence à feminidade e sua sórdida coabitação.” (Trad. cf. Bentley Layton).
Concluindo: apesar de falarem na existência de “éons” femininos, os gnósticos tendiam a desprezar as mulheres concretas; afinal, eram elas as principais responsáveis pela geração dos corpos, e os corpos, para eles, eram maus…


MARIA MADALENA E JESUS

Gostaria que me explicasse, inicialmente, que vem a ser esse “sagrado feminino” de que Dan Brown tanto fala em seu livro.

Na Antigüidade, os povos pagãos tinham muitos deuses (e deusas) é o que se chama “politeísmo”. Assim, os romanos cultuavam, ao lado de deuses como Júpiter (deus supremo), Saturno (deus do trigo), Fauno (deus dos rebanhos), Netuno (deus do mar), Marte (deus da guerra), as deusas como Diana (deusa da caça e da castidade), Vênus (deusa do amor), etc. 0 mesmo ocorria entre os gregos: deuses como Zeus, Ares (da guerra), Apoio (da luz), Poseidon (dos mares)… e deusas como Afrodite (do amor), Atena (sabedoria) Ártemis (da caça e das florestas)… A mesma pluralidade de deuses e deusas encontramos na Mesopotâmia, em Creta (culto da “Grande Mãe”, deusa da fecundidade e da agricultura), na Fenícia, no Egito e em muitos outros países. Como se vê, tais deuses e deusas representavam forças da natureza, astros, sentimentos humanos, e assim por diante. 0 sagrado era masculino e feminino, por incluir a adoração de deuses e deusas.
O judaísmo e o cristianismo, ao contrário, receberam, pelos seus profetas, a revelação de um Deus único, criador de todas as coisas, acima dos homens e de suas paixões (isto é, “transcendente”); um Deus espiritual, não sexuado. Portanto, quando Dan Brown combate a religião cristã porque ela não cultua deusas, ele se esquece de que nosso Deus não é “masculino”, pois não tem sexo. Mas o que ele deseja é a volta ao paganismo, a volta ao culto de deuses e deusas do Sol, da Lua, da Terra, da água, etc. Um tremendo e incompreensível retrocesso!
Muitas dessas religiões pagãs tinham em seus cultos e templos as “prostitutas sagradas”, com as quais os fiéis ou os sacerdotes uniam se sexualmente, para imitar os deuses e conseguir a fecundidade e a fertilidade dos campos. Esse coito era chamado de “casamento sagrado” (em grego, hierós gamos). Dan Brown deseja reintroduzir esses costumes nas nossas religiões do séc XXI. É o que ele mostra em muitos trechos do seu livro, como nas págs. 122 e 289 a 294. Shophie Neveu havia ficado horrorizada quando presenciou uma relação sexual dessas como parte de um culto, no castelo de seu avô, mas o personagem Langdon procura convencê la de que era o melhor ato de culto, a melhor forma de experimentar o divino e dele ter conhecimento! Para isso emprega palavras bonitas, raciocínios sedutores… mas a realidade crua e nua é esta: relações sexuais nas igrejas, como parte do culto. É disso que se trata, quando ele fala do “sagrado feminino”. Já não bastam os motéis?

Voltando à primeira parte da pergunta, os cristãos primitivos também tinham o culto ao sagrado feminino, que era prestado a Madalena?

De forma alguma! Eles veneravam, sim, a Madalena, pela sua fidelidade a Jesus. Mas Dan Brown afirma que a Igreja eliminou o culto a Maria Madalena para abafar o “sagrado feminino” no cristianismo. Chega a afirmar que a Igreja até proibiu o seu nome (págs 241,246)! Trata se de mentira descarada, pois Maria Madalena é cultuada pela Igreja como uma de suas maiores santas, festejada, no calendário litúrgico, no dia 22 de julho. Ela é tida como a “apóstola dos apóstolos”, pois foi encarregada de levar a eles a notícia da Ressurreição de Jesus. E é uma das poucas pessoas invocadas na solene “ladainha de todos os santos”. Os quatro evangelhos verdadeiros, nos quais Dan Brown nunca se baseia, são unânimes em testemunhar seu amor, coragem e fidelidade a Jesus, a quem seguiu até o Calvário, juntamente com outras mulheres. Portanto, só mesmo pessoas muito ignorantes em religião poderão acreditar nessas invencionices do Código Da Vinci.
E os cristãos jamais se prestaram a esse tipo de culto sexual, pois desde o início aprenderam a cultuar o Deus único: Pai, Filho e Espírito Santo, adorando-O em espírito e em verdade.

Dan Brown insiste em que Jesus era casado com Madalena, pois no tempo dele não se aceitava um judeu solteiro, celibatário.

Estamos vendo que conhecimento histórico não é o forte desse autor. Conhecimento bíblico, então, nem se fala. Por exemplo, ele diz que os judeus também cultuavam o sagrado feminino, pois adoravam a deusa Shekinah no templo de Jerusalém. Os judeus devem ter tido ataques de raiva ou de gargalhadas? quando leram isso. Shekinah não é nome de deusa, mas a palavra usada pelos rabinos para designar a presença de Deus (Iaweh) junto a seu povo, a sua Glória, especialmente na Arca da Aliança ou no Templo. Nenhuma instituição combateu tanto os cultos idólatras politeístas e os “casamentos sagrados” como o judaísmo!
Quanto ao estado celibatário de Jesus, ele se engana mais uma vez. Observemos, em primeiro lugar, que, se Jesus tivesse sido casado, os evangelistas não teriam tido problema algum em registrar o fato: quase todos os apóstolos eram casados; Noé, Abraão, Isaac, Israel(Jacó), Moisés eram casados. Mas os Evangelhos nunca mencionam uma pretensa esposa de Cristo; ao contrário, registram sua palavra: “Com efeito, há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. E há eunucos que foram feitos tais pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda!” (Mt 19,12).
Por outro lado, o celibato não era assim tão incomum entre pessoas dedicadas a Deus: os essênios não se casavam; São Paulo não se casou, nem o profeta Jeremias, nem João Batista …e todos eram judeus!

Mas Dan Brown, através de seus personagens, cita um Evangelho para provar que Madalena era a companheira de Jesus.

Sim, ele cita o chamado Evangelho de Filipe, escrito da seita gnóstica que possuía a biblioteca de Nag Hammadi. Lembremos que essa obra não é do tempo de Cristo. Ela utiliza falsamente o nome de um apóstolo porque as seitas costumavam fazer isso para dar autoridade a seus escritos. Esse “evangelho” é do séc. III, mais de 200 anos posterior à vida de Jesus! 0 trecho dele que é citado no Código Da Vinci está muito danificado e faltam algumas palavras, mas é possível ler que alguém (supostamente o Cristo) amava Madalena mais que os outros discípulos e a beijava na …. (falta a palavra). Os personagens “cultos” de Dan Brown imaginam que se trata de um beijo na boca e que isso seria prova de que Jesus e Madalena seriam casados.
Para chegar a essa conclusão, é preciso ignorar muito os costumes gnósticos. Esse mesmo Evangelho de Filipe (58, 34 59) explica o seguinte: “Por isso, a palavra perfeita concebe e dá nascimento por meio de um beijo. Por essa razão, nós também nos beijamos uns aos outros. Somos concebidos pela graça que nos é comum”. Fica claro, portanto, que o beijo, para eles, era sinal de amizade e de fraternidade, entre irmãos pela crença. Além disso, os mestres gnósticos beijavam os discípulos como símbolo da transmissão da verdade a eles. Como a salvação, para os gnósticos, vinha através do conhecimento, e este era obtido pelo ouvido (quando escutavam a fala da boca de um mestre), este utilizava a mesma boca, no beijo, para simbolizar a transmissão da verdade. Não se sabe onde era dado o beijo, mas provavelmente era na fronte ou na face. Concluindo: esse beijo gnóstico era um rito e não tinha nenhuma conotação sexual como pensa Dan Brown. Depois dessas explicações, é só voltar àquele trecho para compreender o que ele quer dizer: que o mestre tinha muito apreço pela discípula Madalena, a ponto de lhe comunicar muitos conhecimentos (representados pelos beijos). Pois o mesmo Evangelho afirma, poucas linhas adiante, que a relação sexual é poluída. E conclui: “É na poluição que reside sua imagem”.
Dan Brown simplesmente confundiu a relação mestre discípula com a relação marido mulher. Em nenhum momento do Evangelho de Filipe se afirma que Jesus era casado com Madalena.

Para encerrar esse assunto de “sagrado feminino”, gostaria de saber por que a Igreja perseguiu as bruxas, como afirma Langdon na pág. 122 do livro. Seria parte da perseguição ao “sagrado feminino”?

Quanto ao número exato de feiticeiras mortas, durante três séculos, os palpites variam muito, motivados mais pelas ideologias dos autores que pela verdade. Historiadores antigos chegaram a falar em milhões. Pesquisadores recentes reduzem esse número a .quarenta mil! (Cf. Charlotte Allen, Robin Briggs…). Mas o importante é saber que a Igreja Católica não pode ser responsabilizada isoladamente por isso. Na Idade Média, período em que ela dominou, quase não se fala de morte de feiticeiras. Isso aconteceu, sobretudo, a partir do final do séc. XV e durou até o início do séc. XVIII. Ouçamos o que diz a Enciclopédia Mirador a respeito: “Parece inexata a tese de atribuir a perseguição das bruxas principalmente à Inquisição da Igreja Católica. Lutero, Calvino e o Rei Henrique VIII acreditavam na bruxaria e a perseguição foi muito especialmente violenta nos países que se tornaram protestantes.” (pág. 1816).
E por que essa perseguição? Aconteceu, sobretudo nos sécs. XVI e XVII, uma espécie de histeria coletiva, um fenômeno cultural, em que as pessoas achavam que bruxos e bruxas, feiticeiros e feiticeiras eram capazes de fazer malefícios reais, com base em procedimentos mágicos e ajuda do diabo. E, de fato, existia na época muito satanismo e muitas práticas de magia ou “feitiços” para causar mal a terceiros como existem ainda hoje, aliás. Quando as pessoas desconfiavam de alguém, denunciavam no(a). (De propósito estou usando o masculino e o feminino: é que Dan Brown se “esquece” de dizer que de 20 a 25% dos perseguidos (e eventualmente mortos) eram homens)! 0 medo, portanto, era da feitiçaria, não tanto da mulher. Como as mulheres na época eram vistas como “risco de tentação e de pecado” e viviam mais escondidas que os homens, que trabalhavam fora de casa, era mais fácil suspeitar delas.
E quem fazia as denúncias? Normalmente não eram padres ou religiosos, mas cidadãos comuns, muitas vezes até outras mulheres. A maioria das execuções não foi determinada pela Igreja Católica, mas pelos governantes civis, sobretudo dos países protestantes, que possuíam leis de combate à feitiçaria.

Mas Dan Brown fala de um manual da Inquisição, chamado de Martelo das Feiticeiras, que ele considera “o livro mais sangrento da história da humanidade”.

Este livro não era um “manual da Inquisição”, embora os caçadores de bruxas, tanto católicos quanto protestantes, gostassem de consultá lo Foi a obra particular de um padre dominicano (Heinrick Kramer, seu autor principal), com base em seus conhecimentos teológicos e na participação que ele teve em uns oito julgamentos.
Embora o livro tenha adquirido grande prestígio, tanto entre protestantes como entre católicos, o próprio Kramer foi expulso pelo bispo de uma cidade onde tentou trabalhar. E quem, como eu, já leu o Martelo das Feiticeiras sabe que ele se preocupa, na verdade, em explicar os métodos diabólicos de atração e sedução e os métodos para destruir ou curar a bruxaria. 0 efeito dele nem de longe se compara ao resultante, por exemplo, do livro Minha Luta, de Hitler, que inspirou a perseguição aos judeus, eliminando seis milhões deles, em pleno séc. XX…

E as igrejas cristãs góticas: não estavam cheias de símbolos pagãos (restos do “sagrado feminino”)?

Lembremos, para exemplificar o valor que se deve dar a tais afirmações de Dan Brown, que misturam dados reais com idéias e sugestões mirabolantes, o caso da Igreja de São Sulpício, em Paris. Parece que nosso autor ignora um fato simples: as igrejas antigas, pela altura de suas cúpulas e de seus campanários, eram excelentes pontos de observação astronômica, necessária para os cálculos do calendário das festas litúrgicas, como a da Páscoa. Os “símbolos pagãos” que ele vê em toda a parte são, quase sempre, signos astronômicos que se relacionavam com essas observações.
Quanto à famosa linha de cobre dessa igreja, que Dan Brown descreve com o nome de “linha rosa”, é de fato um meridiano de precisão, que permite medir a progressão do sol, do solstício de verão ao solstício de inverno e vice versa, a partir de um orifício na parede. Colocada ali em 1743 pelo astrônomo Charles de Monnier para facilitar os citados cálculos, não tem nada a ver, absolutamente nada, com a pretensa existência de um templo pagão anterior. Prêmio Nobel de imaginação e fantasia para o autor do Código Da Vinci…

O PRIORADO DE SIÃO
Pelo que foi esclarecido até agora, devo duvidar também de que teria havido segredos de um culto cristão primitivo a Maria Madalena, guardados pelo Priorado de Sião?
Dan Brown confunde deliberadamente as coisas. Quando os cruzados conquistaram Jerusalém, no séc. XII, alguns religiosos construíram um convento no Monte Sião, lugar onde supostamente ficava o Cenáculo da última Ceia de Jesus com seus discípulos, convento esse denominado “Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião”. Quando os árabes reconquistaram a cidade, esses religiosos fugiram para a Sicília e a congregação acabou desaparecendo, por volta do séc. XIV. Nada de “Priorado de Sião”, portanto!

Mas existe um “Priorado de Sião”, registrado na França…
Existe, e não tem nada de antigo, nem possui qualquer relação com os religiosos da extinta Abadia. Esse “Priorado de Sião” moderno foi fundado em 1956 pelo esotérico Pierre Plantard, que teve diversas passagens pela polícia, com alguns amigos. Ele possuía ambições políticas e aspirava ao trono da França, dizendo se descendente dos antigos reis merovíngeos, inventando, para isso, um suposto casamento de Jesus com Maria Madalena. Ele, Plantard, seria, portanto, descendente de Jesus…

E os “dossiês secretos” descobertos na Biblioteca de Paris?
Esses dossiês são uma fraude, confessada pelo Sr. Pierre Plantard e seus amigos Phlippe de Chérisey e Gerard de Sède. Foram eles que forjaram esses “dossiês” e os depositaram, em 1967, na Biblioteca de Paris. Foram depois “descobertos” em 1975. Adivinhe quem os descobriu? Os mesmos Plantard, Chérisey e de Sède, que os fabricaram…
E não se trata de documentos antiqüíssimos, como afirma Dan Brown, mas de falsificações modernas. 0 principal forjador desses documentos, Philippe de Chérisey, que morreu em 1985, confessou que havia participado da falsificação, reclamando, inclusive, que não foi devidamente recompensado em dinheiro pelo seu “trabalho”. Gerard de Sède, um dos falsários, foi quem divulgou inicialmente esses “dossiês” num livro chamado de OOuro de Rennes; mas em 1988 ele mesmo publicou outra obra reconhecendo que esses papéis foram “apócrifos inspirados por um sensacionalismo mercantil”. Ele confessou que os pergaminhos falsos foram fabricados por Philippe, um marquês, autor de cenários televisivos e apaixonado por enigmas. Finalmente, o próprio Pierre Plantard declarou, na sua revista Vaincre (exemplar de abril de 1989) que os Dossiês Secretos são documentos falsos fabricados por Philippe de Chérisey e por um desconhecido Philippe Toscan du Plantier, um jovem discípulo do grupo, que agia sob influência da droga LSD. (É bem provável que este último esconda a identidade do próprio Plantard).
Pois bem, raciocinemos: esses Dossiês Secretos falsificados são apresentados no Código Da Vinci como o segredo do Priorado de Sião e a principal prova do casamento de Jesus com Madalena! E, para compreender até onde vai o ódio de Dan Brown à Igreja Católica, lembremos que essa fraude já tinha sido reconhecida e desmascarada muito antes que ele escrevesse a sua novela. Mesmo assim, ele divulga esses dossiês como se fossem verdadeiros, e como a Grande Verdade, escondida pela Igreja ao longo de quase dois mil anos e que agora, revelada, iría destruí ia, restabelecendo o culto às deusas!

E a lista dos grão-mestres do Priorado, que ele cita, e que inclui Newton e Leonardo da Vinci?
Essa lista consta dos Dossiês Secretos. Como estes foram forjados e falsificados, cai por terra a famosa lista. Mas é interessante informar lhe que os falsificadores se apropriaram de uma lista de outra sociedade secreta, a “Antiga e Mística Ordem da Rosa Cruz” (AMORC), fundada em 1915 nos Estados Unidos, por Harvey Spencer Lewis. É bom que os leitores não familiarizados com esse tipo de coisas fiquem sabendo que quase todas essas organizações esotéricas criadas a partir do século XVIII gostavam de elaborar “listas” de grandes mestres antigos que teriam pertencido à “Ordem”. É um mito para valorizá las e mostrar sua (falsa) “antigüidade”.


OS TEMPLÁRIOS
E os cavaleiros templários? Também eles não foram eliminados pela Igreja para não revelarem o segredo do casamento de Jesus?

Em primeiro lugar, saiamos do universo de mentiras, invenções e exageros do Código Da Vinci e procuremos a verdade histórica.
Após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados, no século XII, verificou se a necessidade de defender permanentemente os santuários erguidos nos lugares sagrados da paixão de Cristo e de proteger os peregrinos cristãos, que voltaram a visitá los. Para isso, fundou se uma ordem religiosa militar com o nome oficial de “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”. Como religiosos, eles faziam votos de pobreza, obediência e castidade. Embora militares, eles não podiam participar de torneios de luta nem de caçadas.
Durante os séculos XIII e XIV a Ordem ficou rica, pois, além de receber muitas doações, emprestava dinheiro, inicialmente aos peregrinos, depoi a nobres e mesmo príncipes e reis em dificuldades “de caixa”. Ou seja, atuava de modo semelhante aos bancos de hoje.
Mas o Rei Filipe IV, da França, estava praticamente falido e devendo, inclusive, aos Templários. Decidiu então resolver seus problemas financeiros investindo contra a Ordem, para se apoderar de suas riquezas. Em 13 de outubro de 1307, Filipe mandou prender os Templários da França. Muitos prisioneiros foram torturados para confessar coisas absurdas e denúncias sem fundamento, para que tais “confissões” justificassem a conduta do Rei e lhe fornecessem argumentos contra os próprios Templários… Os que não “confessavam” eram assassinados (algo muito semelhante ao que ocorreu em países comunistas no séc. XX, como nos “expurgos de Moscou” ou durante a “Revolução Cultural”, na China).
Qual o papel da Igreja nesse caso da extinção dos Templários? 0 Papa Clemente V, que também era francês, irritou se inicialmente com Filipe IV, porque a Ordem estava sob sua proteção. Mas, como os Papas anteriores, ele residia na cidade francesa de Avinhão, e não em Roma, tendo sofrido, por isso, violentas pressões do Rei. Por causa dessas pressões, ele convocou o Concílio de Viena, quando tentou obter dos Padres Conciliares a extinção dos Templários mas não conseguiu seu intento. Quando, porém, ficou sabendo que Filipe IV chegara com um grande exército às portas da cidade, Clemente V não resistiu à pressão e suprimiu, ele próprio, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, como exigia o Rei. Mas o decreto de extinção não reconhecia a culpa deles, pois o Papa sabia que eram inocentes dos crimes de que os acusavam: feitiçaria, heresia, blasfêmia, etc.
E como o castigo costuma vir a galope, Filipe IV não conseguiu aproveitar o espólio da Ordem, pois morreu pouco depois e os bens dos Templários foram doados a outra congregação de monges militares, os Hospitalários.

E os segredos guardados pelos Templários?

Posteriormente, o trágico fim da poderosa Ordem, que aos poucos se estendeu a outros países, e a existência de “segredos” que os agentes de Filipe IV tentavam arrancar à base de torturas, deram asas à imaginação de escritores, seitas secretas, etc. 0 assunto voltou a render dólares hoje em dia e muito se fala nessas lendas, como as de que eles cultuariam um misterioso “Baphomet”.
E os Templários não descobriram nenhum “segredo” sobre Madalena: isso é pura fantasia de romancista para mexer com o gosto do público por “mistérios” e faturar mais e, no presente caso, para construir mais um elo na trama de segredos da novela.

Mas os templários não edificavam igrejas circulares, como a Temple Church, mostrando que tinham um culto pagão ao “deus sol”?

Só mesmo rindo de tanta bobagem de Dan Brown… Os Templários tinham grande veneração pela Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, da qual foram os guardas por tanto tempo… Suas construções circulares, como é o caso da Temple Church (Igreja do Templo), constituíam uma lembrança daquela Igreja, que é redonda.

O SANTO GRAAL
A história do Santo Graal não foi uma maneira de preservar o segredo das relações de Maria Madalena com Jesus, corno afirma O Código Da Vinci?

Temos visto que a,especialidade desta novela é misturar fatos reais com mentiras e idéias malucas e mirabolantes, para melhor enganar. Vamos por partes: em primeiro lugar, como surgiu essa lenda do “Santo Graal”?

As origens deste mito, segundo os historiadores, parecem relacionar se com antigas lendas celtas referentes a vasos contendo sangue para “revigorar” os reis e os guerreiros.
A palavra “graal” vem do latim “gradalis”, nome de um vaso ou prato de servir comida que, nos banquetes, ia sendo reabastecido aos poucos, na medida do necessário (gradalis = gradual, pouco a pouco). A evolução da palavra originou, em francês antigo, a forma graal, aparecendo também uma forma alternativa gréal, que passou para o inglês como grail.
Quando o cristianismo foi levado à Bretanha, encontrou lá a religião celta, que tinha, entre outros, dois cultos: o “caldeirão de Dagda”, um deus druida, chamado também de “caldeirão da abundância”, que supostamente saciaria a todos os que dele se alimentassem; e o culto da “taça da soberania”, uma taça de vinho ou de outra bebida inebriante que uma jovem especialmente bonita deveria oferecer aos novos reis, na ocasião de sua posse.
Com a evangelização do país, esses rituais celtas e seus símbolos foram “cristianizados”, e os dois (o “caldeirão” e a “taça”) reunidos gradualmente em um só agora relacionados com o cálice da Missa, que continha o sangue de Cristo e era fonte da verdadeira abundância e da verdadeira soberania. Com o passar do tempo, esse cálice foi identificado com o cálice da Santa Ceia, por meio do qual Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia.
No século XII, um grande escritor francês, Chrétien de Troyes, autor de novelas de amor cortês, aventuras e cavalheirismo, ligadas ao ciclo do Rei Artur (seus biógrafos dizem que ele morou algum tempo na Inglaterra), tomou conhecimento de uma obra, escrita em latim, que falava na “busca do Santo Graal”. (Depois que o graal foi identificado com o cálice da última Ceia, e ninguém sabia onde este se encontrava, muita gente passou a procurá-lo…)
Percebendo o potencial do assunto, com seu instinto de escritor, Chrétien desenvolveu o e criou uma novela, publicada na língua francesa, com o nome de Perceval. Este livro vulgarizou a lenda na França e, pelo seu sucesso, despertou muitos autores que começaram também a explorar esse filão, cada um acrescentando algum ponto ou dando nova versão aos fatos. (Mais ou menos como hoje, quando essas invenções sobre relacionamentos de Jesus com Madalena dão origem a livros e mais livros, à procura de dólares e mais dólares dos leitores desavisados…).
Com esses acréscimos “graduais”, a lenda do graal passou a significar a procura da taça em que José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Cristo e que teria sido escondida. No fim da Idade Média, a antiga expressão francesa Saint Gréal (Santo Graal) passou a ser associada, pela semelhança de sons, com sang real (sangue real), o sangue de Cristo.

Mas quem teve a idéia de falar que esse lendário “Santo Graal” era o útero de Maria Madalena?

Com isso, chegamos ao segundo ponto. Dan Brown não foi original nessa fantasia: ele a copiou de autores que, manipulando frases dos Evangelhos, indícios históricos, coisas secretas e misteriosas, tudo com muita, muita imaginação, deram mais um passo na lenda do graal: se até hoje, com todas as buscas ele não foi achado, é porque… ele não é um cálice de verdade, mas o útero de Madalena que, casada com Cristo, recebeu dele o sangue (o sêmen)! São livros como The Woman with the alabaster jar: Mary Magdalene and the Holy Grail (A Mulher com o vaso de alabastro: Maria Madalena e o Santo Graal), que a própria autora, Margaret Starbird definiu como ficção; ou Holy 81ood and Holy Grail (Sangue Sagrado e Santo Graal), de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado em 1981 .(A cópia das teses é tão grande que estes autores estão processando Dan Brown por plágio). Reparemos que o “erudito” que mais bobagens fala no Código Da Vinci tem o nome de Leigh Teabing. Leigh é o sobrenome de Richard, um dos autores da citada obra, e Teabing é um anagrama de Baigent, o sobrenome de outro desses autores.
Em resumo: essas teses não possuem nenhum fundamento histórico. São especulações fantasiosas, levadas adiante por motivos ideológicos ou financeiros (ganhar dinheiro com o escândalo).


LEONARDO DA VINCI

Gostaria, finalmente, de saber o que você tem a dizer me sobre Leonardo da Vinci, o genial pintor, escultor e engenheiro do Renascimento. Ele é citado como um dos grão mestres do Priorado de Sião e conhecedor de seus segredos, os quais teria deixado “em código” nos seus quadros…

Quanto a essa história de grão mestre e de Priorado de Sião já explicamos tudo. É claro que Leonardo, que morreu no século XVI (1519) não poderia pertencer a um “priorado” que só seria fundado em 1956…

Mas as observações que Dan Brown faz sobre alguns quadros, como o da Última Ceia, não parecem convincentes?

Tão “convincentes” que elas despertaram a reação, entre incrédula e debochada, dos especialistas na arte renascentista. E Dan Brown se diz casado com uma historiadora de arte: imaginem se não o fosse…
Vejamos alguns exemplos (já advertimos que é impossível, neste pequeno trabalho de alerta ao povo cristão, analisar todas as páginas do Código, para contestar todas as suas falsidades).

A “Mona Lisa”

Dan Brown opera contorcionismos por meio de seu personagem R. Langdon para tentar mostrar que as palavras “Mona Lisa”, nome dado a uma famosa pintura de Leonardo, seriam um anagrama dos nomes dos deuses egípcios da fertilidade Amon (ou Amun) e Isis. E dessa “verdade”, conclui que o pintor conhecia o “sagrado feminino”, etc. etc. etc. (as baboseiras de costume). Todo esse contorcionismo cai por terra com uma simples verificação: Leonardo Da Vinci não deu nome a esse quadro… Seu primeiro biógrafo, cerca de trinta anos após a morte dele, é que informou que a pintura retratava a esposa de Francesco dei Giocondo, um dignitário florentino, chamada Lisa Gherardim. Por ser nobre, ela era tratada por “Mia donna” (minha senhora) que, no popular, originou a forma “Monna”. “Monna Lisa”, por conseguinte, pode ser traduzido por “Senhora Lisa”, ou Dona Lisa.
Por causa desses fatos, a pintura é conhecida como “A Gioconda” em alguns países, em outros como “Monna Lisa”. Nada a ver com deuses e deusas egípcias.

A “Última Ceia”

Trata se de uma pintura executada na parede do refeitório do Mosteiro de Santa Maria delle Grazie (Santa Maria das Graças), em Milão. A técnica usada não foi a do afresco, como Dan Brown afirma várias vezes, equivocadamente, na novela. Leonardo experimentou executar uma pintura a óleo e têmpera sobre fina camada de gesso numa parede de pedra. 0 processo não deu certo e logo o quadro se danificou, tendo sido, desde então, objeto de várias restaurações.
Dan Brown pretende (com a fala do personagem Leigh Teabing) que nesse quadro Leonardo da Vinci comunica seu conhecimento sobre o casamento de Jesus com Madalena: dispôs as figuras dos dois de modo a formar um “M”; ocultou o cálice em que Jesus instituiu a Eucaristia porque sabia que o verdadeiro cálice ou graal era o ventre de Maria Madalena. Esta é que está sentada à direita de Jesus, com seus longos cabelos ruivos e feições femininas, e não o apóstolo João.
Trata se de erro sobre erro… Dan Brown parece ignorar que, segundo o consenso, Leonardo pintou uma cena do Evangelho de São João, que, na última Ceia, não fala da instituição da Eucaristia e, portanto, não havia necessidade da presença de nenhum cálice. O momento retratado no quadro é aquele em que Jesus declara que vai ser traído por um dos que estão comendo com Ele à mesa: isso explica o espanto dos discípulos e seus gestos dramáticos. Segundo o Evangelho, nesse momento Pedro pediu a João que procurasse saber de Jesus o nome do traidor. A cena é bem retratada na pintura, pois a mão de Pedro toca em João, que se inclina em sua direção para ouvir o que Pedro lhe cochichava. Essa inclinação forma um “V”, no quadro, e não um “M”. Leonardo procurou mostrar um Jesus sereno e isolado, enquanto os discípulos estão agrupados e agitados.
Erro grave de Dan Brown é pensar que Madalena é que está sendo retratada na Ceia, e não o Apóstolo João. Ele não sabe que as próprias convenções literárias e artísticas da época renascentista retratavam as pessoas segundo “tipos”: e um jovem estudante ou discípulo era geralmente retratado sem barba e de cabelos longos. E João não é o único retratado dessa maneira: há um outro discípulo em pé, à esquerda de Jesus, costumeiramente identificado como Filipe, com feições tão “femininas” quanto as de João. Dizer que se trata de Maria Madalena criaria um problema insolúvel: onde, então, estaria o Apóstolo João, uma vez que na Santa Ceia todos os apóstolos estavam presentes, segundo todos os Evangelhos?

E o punhal na mão de Pedro (ao que parece)?

Essa faca poderia ser entendida, naturalmente, como o utensílio que Pedro estava utilizando para cortar a comida. Mas, se quisermos dar a ela um significado simbólico, este deve ser procurado também no Evangelho de João. Pois, na seqüência, Jesus e os discípulos vão para o Jardim das Oliveiras, onde o Mestre é preso. Nessa ocasião, Pedro puxou da espada e cortou a orelha de um dos servos do Sumo Sacerdote. Leonardo teria aludido antecipadamente a essa cena, mostrando, por meio da faca, a indignação de Pedro com o possível traidor e sua disposição em defender Jesus até pelas armas.

A “Madona das Rochas”

Logo no início de suas considerações sobre esse quadro, os personagens de Dan Brown cometem vários erros: quanto ao tamanho dele, e quanto às pessoas que o encomendaram (não foram “freiras”, mas padres da Confraria da Imaculada Conceição).
A seguir, num desconhecimento indesculpável, a obra diz que Leonardo colocou o menino João Batista abençoando Jesus, este “protegido” pela mão direita de Maria. Ora, é exatamente o contrário. A iconografia cristã sempre representou João Batista com uma pequena cruz, às vezes encimada por uma flâmula, que lhe serviria de bastão. Jesus, portanto, é o que está sentado, abençoado pela mão esquerda de Maria e fazendo o sinal de bênção para João Batista. A prova disso é que a outra versão do quadro, pintada posteriormente, não deixa dúvidas quanto à identificação das duas crianças. A mão do anjo Uriel, que, segundo a imaginação de Dan Brown, estaria fazendo o gesto de quem corta uma cabeça, está simplesmente apontando para João Batista, de quem ele seria o Anjo da Guarda. E quanto à “cabeça invisível” que Maria estaria segurando… Bem, se é invisível, só mesmo a fantasia de Dan Brown consegue enxergá la…

CONCLUSÕES

Que é que teria levado Dan Brown a difamar dessa forma a Igreja Católica?

Vários trechos da obra deixam clara a filiação do autor às correntes chamadas de “Nova Era”, que procuram valorizar o feminismo, a natureza e a incipiente “era de aquário”, e atacam ferozmente o cristianismo, em especial na sua versão católica, que eles pensam representar a “era de peixes”.
Além disso, há uma corrente, sobretudo nos Estados Unidos, que pretende “reescrever” a história do cristianismo, colocando no mesmo plano os quatro evangelhos autênticos e os escritos gnósticos.
Para esse ataque maciço contra a Igreja, Dan Brown não hesita em lançar mão das mais odiosas falsidades. No caso do feminismo, por exemplo, ele não tem nem uma palavra sobre a situação da mulher no judaísmo antigo, na civilização islâmica, nas civilizações chinesa, japonesa, hindu… É como se o antifeminismo tivesse sido inventado pela Igreja, quando a história demonstra que foi na civilização ocidental, nascida do cristianismo, que a mulher foi sendo valorizada gradualmente, até conseguir sua emancipação. Isto já começou pelo exemplo de Cristo nos Evangelhos.
O mais difícil de compreender, porém, é que ele critica exatamente a Igreja Católica, a qual, em contraste com o protestantismo, o judaísmo e o islamismo, cultua um grande vulto feminino: Maria, a Virgem Mãe, colocada logo abaixo de Deus. Como esse fato é muito embaraçoso para as teses de Dan Brown, ele o silencia completamente.
Ele acusa a Igreja de demonizar os cultos pagãos, mas não se sente envergonhado de, por sua vez, demonizar a Igreja, utilizando toda a espécie de mentiras, falsidades, meias verdades e insinuações. Essa obra constitui uma asquerosa panfletagem contra o catolicismo e o cristianismo, com base em lendas e fraudes.

Percebi também que ele procura colocar do seu lado, nessa cruzada contra a Igreja, os esotéricos, os maçons, os politeístas, os ecologistas…

É verdade. Como vimos, ele defende as teses da “Nova Era” que viria substituir a era de Cristo; e o culto à “Mãe Terra”, e o culto às deusas, com a “prostituição sagrada” nas igrejas..

Como os outros cristãos não-católicos estão encarando O Código Da Vinci?

Felizmente, eles estão percebendo que o alvo de Dan Brown não é apenas a Igreja Católica, mas o próprio cristianismo, tal qual recebido dos apóstolos e dos mártires. Estão percebendo que a “grande mentira histórica” de que fala a novela não deve ser atribuída à Igreja Católica, mas a obras como O Código Da Vinci e assemelhadas, que estão inundando nossas livrarias. Estão percebendo que, se as teses de Dan Brown fossem verdadeiras, nenhuma igreja cristã poderia subsistir, pois são as suas crenças básicas que a novela procura atingir.
E agora, concluo: os cristãos já fizeram muito mal a si mesmos e à evangelização com as suas brigas e desuniões, totalmente contrárias à vontade de Cristo. É tempo de se unirem de vez, para defender a fé comum. Não observaram ainda que, todos os anos, por ocasião das grandes festas cristãs, como o Natal e a Páscoa, certas revistas e certos canais de TV se empenham em destruir a nossa fé, com reportagens sensacionalistas e sob aparência “científica”? É tempo de compreenderem que a poderosa força dos meios de comunicação, a serviço de alguns poderes “ocultos” (mas nem tanto), deseja mesmo é suprimir a fé cristã. Esta vai ser a batalha deste início de século. É preciso que nos mostremos à altura dela.
O que acho lamentável é ver cristãos lendo e divulgando obras como O Código Da Vinci, sem perceber seu veneno diabólico. Serão eles mesmos e seus filhos que irão assistir agora ao filme e achá lo “muito legal” e fornecer milhões de dólares nas bilheterias para obras que violam a verdade e ultrajam suas crenças mais sagradas. Já imaginaram se os autores que procuram ganhar dinheiro assim, às custas de Jesus Cristo, fizessem a mesma coisa com Maomé? Ou seriam imediatamente assassinados ou teriam que se esconder pelo resto da vida. A maneira cristã de agir não é essa. Rezamos pelos nossos inimigos e perdoamos aos que nos ofendem. Mas também não precisaríamos ler e comprar esse tipo de livro, nem assistir a esse tipo de filme, fornecendo a seus autores o que eles desejam: dinheiro, dinheiro, dinheiro… para continuar comprovando que esse filão é muito bom, e vale a pena investir mais nele, inventando outras obras da vergonhosa espécie desse Código Da Vinci.

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