Papa Francisco nos dizia em sua Carta Encíclica Lumen Fidei que nos Sacramentos “comunica-se uma memória encarnada, ligada aos lugares e épocas da vida, associada com todos os sentidos; neles, a pessoa é envolvida, como membro de um sujeito vivo, num tecido de relações comunitárias. Por isso, se é verdade que os sacramentos são os sacramentos da fé, há que afirmar também que a fé tem uma estrutura sacramental; o despertar da fé passa pelo despertar de um novo sentido sacramental na vida do homem e na existência cristã, mostrando como o visível e o material se abrem para o mistério do eterno” (LF, 40).
Na liturgia se nos comunica uma memória encarnada. Isto é, o que aconteceu com Jesus Cristo há dois mil anos atrás, se nos faz encontrar na celebração da santa missa e nos demais sacramentos. Além disso, a nossa vida deve ser iluminada pela vida de Jesus Cristo feita celebração para nós. Isso quer dizer que a contemplação, esse olhar profundo que penetra a realidade, no caso d a liturgia é fruto de uma ação. Em primeiro lugar, houve uma atividade de Deus – a vida salvadora de Jesus Cristo – e, depois, seu agir sempre atual: Deus trabalhando e fazendo jorrar desde a sua eternidade os mistérios salvadores para nós. Nós, olhando para a vida de Cristo tal qual a Igreja nos apresenta em sua celebração, aprendemos o horizonte da nossa. Esse olhar para Deus e suas ações, que é contemplação, é o que faz a nossa ação ter sentido.
Algumas dicas para vivermos essa dimensão contemplativa da santa missa em nosso cotidiano: pense mais vezes na celebração eucarística que você costuma participar todos os dias ou todos os domingos, deseje-a ardentemente; ao tomar parte na celebração do santo sacrifício da missa, ofereça a Deus todas as realidades do seu dia-a-dia (família, trabalho, amigos, necessidades); procure pautar as horas do seu dia com pequenas frases silenciosas e ardentes de amor a Jesus e à sua Mãe bendita; veja naquilo que você está fazendo agora mesmo (qualquer atividade boa) como a vontade de Deus e procure realizá-la com a máxima perfeição possível para servir a Deus e às pessoas com as quais você convive; assim com Jesus fez de sua vida uma doação (principalmente na Cruz e na Eucaristia), faça também de sua vida uma doação aos demais, experimentando ser feliz fazendo os outros felizes; veja em cada pessoa de sua convivência uma alma pela qual Jesus morreu na Cruz e procure ajudá-la a se aproximar de Deus e de sua Igreja Católica. Assim, a contemplação redundará na ação e a ação será encharcada pela contemplação! Veremos, paulatinamente, que assim como o vento e o mar obedeceram Jesus (cf. Mc 4,41), todas as demais criaturas também o podem obedecer e amar.
Pe. Dr. Françoá Costa