Organizando as prioridades
Vivemos numa sociedade frenética, agitada por tantos afazeres, tantas correrias, preocupações, desesperos, ilusões e desilusões. Uma inquieta e impaciente sociedade caracterizada pelas correrias nas ruas das grandes cidades, no espírito competitivo dos comércios e até nos desesperos de nossas casas, onde colocamos e até inventamos mil coisas para fazer não sobrando tempo para a família, a saúde e o bem estar, e até deixando de lado o único e essencial de toda criatura: Deus. Precisamos ordenar nossa lista de prioridades, colocar preferência ao que realmente importa, o que é digno de gastar todas as nossas forças e energia, de empenhar com todo esmero e com especial afinco para alcançar, dando o verdadeiro valor ao real tesouro que temos nessa vida e que muitas vezes esquecemos ou ignoramos. Para ordenar nossa lista de prioridades, colocar a casa em ordem, devemos convocar uma realidade incômoda e não muito agradável, a única certeza que não gostaríamos de ter, a niveladora de todos os status sociais, a companhia que paira sua sombra sobre a cabeça de todo ser humano, a tão real, sagaz, impiedosa e certeira MORTE.
Hoje celebramos o dia de finados, um dia para rezar pelos nossos mortos, aqueles que nos precederam neste mundo, um dia para conservar suas memórias e relembrar seus feitos, se alegrar pelo bem que fizeram e chorar pela dor de sua partida, mas também é um dia para meditarmos sobre a nossa drástica e dramática realidade de que um dia também passaremos, um dia também morreremos; e se nos alegra a esperança de um dia todos nós nos encontrarmos na outra vida, nos desespera o fato de que teremos que passar pelos umbrais da morte, onde será freada nossas correrias, se apagará nossos sonhos de riquezas e de glórias e nos encontraremos perante a um crucial julgamento onde se decidirá não apenas anos ou meses, mas toda a eternidade, nos encontraremos diante dos novíssimos ou últimas realidades (juízo, purgatório, céu ou inferno). Diante dessa tão dramática realidade, a que todos iremos passar, independentemente da cor, raça, condição social, política ou econômica, mais cedo ou mais tarde, percebemos que nada adianta nossas correrias e desesperos, pouco deve importar o afã desmoderado pelas riquezas deste mundo, é inútil se desgastar tanto… O encontro proporcionado neste dia de finados com a “irmã morte” coloca em ordem nossa lista de prioridades, da reflexão sobre a celeridade desta vida e a banalidade dos bens materiais brota a consciência de dar mais valor aos verdadeiros tesouros outrora deixados de lado, começamos a dar mais importância às pessoas ao nosso redor, nossa família e amigos, tantas palavras engasgadas e abafadas pelas correrias e que são urradas em meio às lágrimas nos velórios! Valorizar as pessoas que Deus nos deu é dizer que ama, cuidar com carinho e dedicação, saber perdoar, estar juntos, conviver com amor, valorizar nossa família e amigos. Diante da morte começamos a dar mais valor também no nosso tempo presente, deixamos de lamentar o passado e de adiantar o futuro, viveremos o presente com maior intensidade e emoção, e com isso vamos percebendo que o nosso tempo presente é uma verdadeira dádiva divina e a intensidade de cada segundo nos fará desfrutar da vida como a maior de todas as obras de arte. Diante da morte começamos a dar mais valor nas realidades eternas, vivemos de cara a Deus em todas nossas ações, rezamos mais, cultivamos uma maior amizade com Aquele que é o maior de todos os juízes e a quem prestaremos contas dos tesouros e talentos a nós confiados.
Um piscar de olhos comparado com a eternidade é nossa vida aqui nesse mundo, mas mais que uma visão pessimista de nossa vida, se torna algo realista e até necessário este encontro com a morte para começarmos a dar mais valor no que realmente importa: Deus, a família e o nosso tempo presente. Antes tarde que nunca, vamos dar mais valor na nossa relação com Deus, à nossa família e ao nosso presente, para depois não se lamentar de que poderia ter sido tudo diferente. Enquanto há vida há esperança!