Na noite da última segunda-feira, 21 de abril, na Catedral do Senhor Bom Jesus da Lapa, foi realizada uma celebração marcada pela emoção, pela fé e pela memória de um dos líderes da Igreja Católica nos tempos modernos. A Santa Missa em sufrágio da alma do Papa Francisco, falecido no mesmo dia, às 7h35 (horário de Roma), foi presidida por Dom Waldemar Passini Dalbello, Bispo Coadjutor da Diocese de Anápolis e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB.
O Santo Padre, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano. Primeiro papa latino-americano e o único jesuíta a ocupar o Trono de Pedro, foi eleito em 2013 e deixou um legado profundamente marcado pela proximidade com os pobres, a defesa da justiça social e uma visão de Igreja como casa de acolhida. Sua encíclica Fratelli Tutti foi uma expressão clara de sua esperança por um mundo unido pela fraternidade.
Logo no início da homilia, Dom Waldemar saudou os presentes com um afetuoso “Feliz Páscoa!”, lembrando o contexto litúrgico da Oitava de Páscoa e destacando a fé na ressurreição como fundamento da vida cristã. “Saúdo com carinho os irmãos que rezam conosco pelo eterno descanso do Papa Francisco”, disse o bispo, estendendo ainda sua acolhida a cristãos não católicos presentes, alunos do curso de Teologia, que também se uniram em oração.
Em sua reflexão, Dom Waldemar destacou a centralidade de Cristo ressuscitado e a esperança que emerge mesmo em meio à dor. “Essa é a nossa alegria — profunda, capaz de conviver com momentos difíceis, com perdas, sem que ceda”, afirmou. E acrescentou: “Não é desprezo à dor — é que o mistério da dor foi envolvido pela vitória de Cristo”.
Em tom emocionado, o bispo recordou que o próprio Papa Francisco foi quem, paradoxalmente, concedeu à Igreja o tema do Ano Jubilar de 2025: “Peregrinos da Esperança”. “Ele se antecipa na sua peregrinação por vontade de Deus e passa da esperança à posse”, declarou Dom Waldemar. “A alegria pascal pode, sim, conviver com a perda do nosso querido Papa Francisco, porque cremos na verdade de Deus se realizando nele”.
A homilia destacou ainda o percurso espiritual e pastoral do pontífice argentino, que por mais de uma década guiou a Igreja com humildade, ousadia e ternura. “Francisco nos chamou à conversão — e seu magistério permanece. Seu ensinamento continua nos chamando a colocar Jesus no centro da vida”, disse.
Entre os momentos mais marcantes da homilia, o bispo compartilhou uma lembrança pessoal do dia da eleição de Francisco: “Quando ouvi o nome Francisco, pensei: é um jesuíta, escolheu Francisco Xavier. Mas era Francisco de Assis. E o milagre aconteceu. Como pode um jesuíta tornar-se franciscano aos 76 anos? Mas ele trouxe a beleza e a bondade dos jesuítas, e nos entregou uma espiritualidade profundamente franciscana”.
A celebração foi encerrada com um convite à oração, em tom de súplica e gratidão. “Rezemos por ele. Peçamos a graça de termos um pouco mais de Francisco de Assis — e também um pouco mais de Francisco, Papa. Que o Espírito molde nossos corações como o Coração de Jesus”, concluiu Dom Waldemar, antes de iniciar um momento de oração cantada.
Estima-se que milhões de fiéis de todo o mundo acompanharão os ritos fúnebres em Roma, como expressão de gratidão e reverência a um pontificado que marcou a história recente da Igreja.