Diocese de Anápolis

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É possível passar a vida inteira na Igreja e não se encontrar com o Fundador

No evangelho de hoje, estamos às margens do rio Jordão, um dia depois do batismo de Jesus. Depois de João Batista ter dito “Eis o Cordeiro de Deus”, André e João, que antes eram seus discípulos, passam a seguir o Divino Mestre e perguntam-Lhe: “Mestre, onde moras?”. Jesus poderia ter respondido: “Moro em Nazaré ou em Cafarnaum”, mas não! Ele fez um convite de intimidade: “Vinde ver”. Em resposta, eles foram e “permaneceram com ele” naquele dia.

Estamos falando aqui do encontro pessoal com Cristo que marcou para sempre a vida de São João Evangelista. A Tradição nos ensina que, quando foi chamado, João tinha seus 18, 20 anos (era o mais jovem entre os 12) e que só foi escrever o evangelho que ouvimos hoje por volta dos seus 90 anos de idade, 7 décadas depois! O mais curioso e impressionante é que ele se lembrava da hora exata em que o fato tinha acontecido: “Era por volta das quatro horas da tarde” (v. 39).

Irmãos, isso não é só boa memória da parte do discípulo amado, mas quer dizer que aquele encontro com o Mestre, que o fez tomar a decisão definitiva de segui-Lo, estava tão vivo dentro dele, que é como se ainda estivesse acontecendo. Para nós, que às vezes mal nos lembramos do que comemos no almoço de ontem, ficam as perguntas: eu já tive um encontro pessoal com Jesus? Como foi? Quando? Onde? Foi íntimo o suficiente para irromper em mim a decisão de segui-Lo pelo resto da vida, mesmo com meus defeitos e pecados? Se não temos respostas para essas perguntas, não podemos ter preocupação maior daqui para frente que a de encontrá-las!

Ainda me lembro de ouvir no Seminário, há 15 anos, de um dos meus formadores, Pe. Eli, a chocante afirmação: “É preocupante, mas existem padres que, até hoje, não tiveram um encontro pessoal com Cristo!”. Preocupação sim, desespero nunca! O encontro pessoal com Nosso Senhor é uma graça da parte d’Ele e não só esforço da nossa. É preciso pedir a graça desse encontro! E, se já aconteceu, procuremos não só reavivá-lo, mas revivê-lo a cada dia. Uma última pergunta para refletir: o que poderia acontecer hoje que me faria abandonar a minha fé ou deixar a Igreja? Podemos ir longe nas possibilidades e, se encontrarmos outra resposta que não seja “nada”, é sinal de que o poder desse encontro perdeu a força ou ainda não aconteceu de verdade.

Pe. João Paulo Cardoso
Roma - Itália
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