Diocese de Anápolis

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Católicos se preparam para celebrações do Dia de Finados, em Anápolis ; veja horários de Missas

Na próxima quarta-feira, dia 2 de novembro, milhões de brasileiros celebrarão o dia de Finados, visitando cemitérios e túmulos de familiares e amigos, que já partiram para a eternidade. Em Anápolis, a Diocese prepara várias celebrações nos cemitérios da cidade, para que os fiéis possam rezar pelos entes e amigos falecidos, e também, reforçarem a fé na vida eterna.

Esta é a data de maior movimento nos cemitérios de Anápolis. No Cemitério São Miguel, localizado na região central da cidade, Dom Dilmo Franco, bispo auxiliar, celebrará a primeira Santa Missa, às 7h. Em seguida haverá celebrações de hora em hora até a última celebração às 17h. O local, que possui mais 34 mil sepultados, estará aberto das 6h às 19h.

No Cemitério Park, do bairro Vila Mariana, também a primeira Santa Missa será às 7h. Bispo Diocesano de Anápolis, Dom João Wilk celebra às 8h30; e Dom Dilmo Franco, Bispo Auxiliar, às 10h. Haverá ainda celebrações às 11h30, 13h, 14h30, 16h e 17h. O cemitério também estará aberto das 6h às 19h.

Haverá três celebrações no Cemitério Memorial Parque, localizado no Residencial Santo Expedito. As missas serão às 08h, 10h30 e 15h. Em sufrágio das almas, no Dia de Finados, também serão celebradas missas em todas as paróquias da Diocese, com horários definidos e divulgados por cada uma.

Importante salientar que haverá sacerdotes atendendo confissões nos cemitérios. Neste ano, os seminaristas diocesanos também estarão nos cemitérios, rezando com as famílias que desejarem, aspergindo os túmulos com água benta.

O gesto mais comum em Finados é a visita ao cemitério, a participação na Eucaristia e as devoções próprias de cada cultura, como acender velas, oferecer flores, jogar água benta e enfeitar os túmulos dos falecidos. Em todos estes gestos antropologicamente enraizados no ser humano transparece a consciência que o homem tem de sua finitude, e da necessidade absoluta de fé em Deus para a manutenção da esperança.

“Finados é uma oportunidade de refletirmos sobre os novíssimos, sobre a escatologia. Muitas pessoas evitam falar, pensar sobre a morte, porque lembram-se de sofrimento, perdas, lágrimas. Mas é oportuno, porque falando da morte, buscamos viver bem a vida. Através desta vida, alcançaremos a próxima”, destaca Dom Dilmo.

O Bispo auxiliar também ressaltou que saudade sempre teremos, mas celebramos com alegria este dia. “Na perspectiva cristã, a Morte e a Ressurreição de Cristo são fundamentais. Jesus está vivo, vem ao nosso encontro, é a nossa história de salvação. Aquele que com Cristo estiver, quando morrer, O encontrará. Jamais será abandonado aquele que viveu com Deus neste mundo”, afirmou.

No dia de Finados, os católicos não festejam a morte. Ao contrário, celebra-se a fé na ressurreição de Cristo, a fé na vida eterna, e a esperança do encontro na morada que Jesus nos preparou, no seio amoroso de Deus. É um grande ato de caridade cristã participar das santas missas neste dia e oferecê-las aos fiéis defuntos que estão no purgatório, purificando suas almas para entrarem na glória do céu. A tradição bimilenar da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico de Cristo, a Igreja.

As celebrações litúrgicas de Finados são comedidas e cercadas de um clima de saudade e tristeza. Entretanto, não há um clima de luto nas missas. Vale a pena recordar que a celebração de Finados marca a esperança cristã na Ressurreição e deve ser iluminada por aquela alegria que marca a fé cristã. O Mistério da Ressurreição deve ser o centro da reflexão, aproveitando para refletir bem as palavras do Evangelho e esclarecendo o real sentido da morte para o cristão, numa catequese que contemple toda a eliminação de ideias estranhas tão espalhadas pela mentalidade do povo católico brasileiro.

Por que visitar um cemitério?

A Igreja recomenda vivamente a visita aos cemitérios para rezar pelas almas. Esta é uma prática piedosa e importante. Os cemitérios católicos são considerados lugares sagrados pelo Direito Canônico. Oferecer missas pelos falecidos, cuidar do túmulo, rezar diante dele, colocar flores, são ações que manifestam o amor, constituem um testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos. A Igreja aconselha esta prática espiritual, justamente para oferecer orações e sacrifícios pelos mortos, e além disso, excitar nossa inteligência e nossa imaginação a fim de que pensemos mais na fragilidade da vida humana.

Alguns objetarão que lá só existem os corpos, que as pessoas lá não estão, e sim na vida eterna (na glória, no inferno ou em purificação no purgatório). Realmente, ninguém está no cemitério. Mas nem por isso, a Igreja deixa de incentivar as visitas. Porque lá jaz corpos humanos. E esses corpos foram templo do Espírito Santo. Esses corpos um dia ressuscitarão. Esses corpos são um sinal e um testemunho de que a vida passa, mas a alma é imortal. Esses corpos nos ajudam a perceber a realidade da morte. Esses corpos nos ajudam a rezar mais e melhor pela alma do falecido.

Ninguém é, evidentemente, obrigado a ir aos cemitérios. Mas, trata-se de uma prática muito piedosa da qual não devemos descuidar. Portanto, em Finados, os católicos são chamados a rezar pelos mortos, lá onde estão enterrados (claro que a alma não está lá, mas o corpo sim, e ele também é elemento do ser humano, e será ressuscitado); e também, a refletir sobre a nossa própria morte, para que nos santifiquemos.

Os católicos vão aos cemitérios porque acreditam na vida eterna, acreditam no céu. Por isso, não é o dia apenas de recordar os nossos entes queridos, mas principalmente de rezar por eles. Além disso, ao recordar a vida de um ente querido, nós próprios deparamo-nos com a realidade da morte em nossa vida e pesamos nossos comportamentos pessoais e sociais. A presença da limitação e fraqueza da vida permite-nos ser mais humildes na consideração da validade de nossa vida. Não há como ficar insensível diante da finitude da carne humana.

Indulgências

O Diretório de Liturgia da Igreja no Brasil detalha as indulgências que são concedidas neste dia para os fiéis:

Aos que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1º ao dia 8º de novembro, nas condições de costume, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Papa; nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial.

Ainda neste dia, em todas as igrejas, oratórios públicos ou semi-públicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à igreja, durante a qual se deve rezar a Oração dominical e o Símbolo (Pai nosso e Creio), confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Papa (que pode ser um Pai Nosso e Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).

História:

O Cristianismo nasceu embebido pela vida, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo Senhor. O ápice da vida do filho de Deus foi sentir em sua carne a frieza da morte. Sem dúvida, ao doar amorosamente sua vida na cruz, Jesus viveu em sua própria carne a experiência da morte. Ele morreu realmente. Mas a Graça de Deus, confirmando a mensagem e o testemunho de vida de Jesus, o ressuscitou dos mortos e garantiu assim, a todos os fiéis que nele depositam suas esperanças, a possibilidade de transcender também a fase finita da vida e alcançar a plenitude da personalidade e potencialidades humanas, na realidade de fé que chamamos de Vida Eterna.

Desde o primeiro século da era cristã, o Cristianismo celebrou os fiéis que morreram unidos à sua comunidade de fé. Os mártires eram venerados nos locais de seu martírio e as primeiras construções genuinamente cristãs foram monumentos em homenagem a estes heróis da fé. Além disso, as perseguições imperiais obrigavam os cristãos a refugiarem em catacumbas para celebração dos exercícios litúrgicos. E as catacumbas nada mais eram que os primeiros cemitérios cristãos. Os mais antigos sacramentários romanos atestam o uso de missas pelos defuntos. O costume de rezar pelos mortos em celebrações específicas parece ter surgido pelo fato de que não era possível realizar exéquias dos cristãos no momento da morte, tamanho o medo da perseguição pagã. Assim, dias depois do fato, geralmente uma semana ou mesmo trinta dias, a comunidade reunia-se para as devidas homenagens ao falecido e aos familiares.

Mas foi no Mosteiro francês de Cluny, que começou a surgir uma explicação da oração pelos mortos. À Igreja Peregrina nos caminhos da história unia-se a Igreja Triunfante (os santos e santas) e à igreja Padecente (aqueles que mesmo mortos ainda não tinham alcançado a plenitude da Ressurreição). Esta união entre santos e pecadores, chamada de comunhão dos santos, já fazia parte da Tradição cristã e foi teologicamente elaborada por Santo Tomás de Aquino, nos seguintes termos: “Assim como no corpo natural a atividade de um membro se subordina ao bem-estar de todo o corpo, também no corpo espiritual que é a Igreja, acontece o mesmo. E porque todos os fiéis são um só corpo, o bem de um comunica-se ao outro”.

Sentido teológico

Acendemos velas para lembrar que essa luz segue iluminando-nos, em nossos corações. Veneramos seus exemplos e imitamos sua fé (Hb 13,7). Enfeitamos as sepulturas com flores, símbolo da ressurreição. Nossos mortos são plantados como sementes, regadas com nossas lágrimas, e florescem ressuscitados no jardim do Senhor.

Nossa fé cristã é a fé no Ressuscitado. Esta certeza de fé elimina de nós toda e qualquer ideia de renascimento ou reencarnação. Somos únicos desde a concepção, durante a vida e após a morte. A razão de nossa fé na Ressurreição é a experiência radical de Jesus. Ele foi Ressuscitado pelo Pai (At 2, 22s), numa atitude amorosa que confirmou toda a obra realizada pelo homem de Nazaré em favor dos mais oprimidos e marginalizados.

O fundamento teológico para a nossa compreensão de fé em torno da vida que começa na morte está na Ressurreição de Jesus Cristo. É São Paulo que diz: ‘Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé, e nós ainda estaríamos em nossos pecados’ (1Cor 15, 17).

Nós cremos na ressurreição como um momento de transcendência de nossa realidade finita para uma realidade infinita ao lado de Deus. Na Ressurreição nossa vida é transformada. Assim como acontece com a semente que, ao ser lançada na terra, morre e desta morte nasce a nova vida, cremos que também nós vamos ressuscitar e assumir uma nova vida. Nós cremos que a nossa vida terrestre é uma preparação para a verdadeira e definitiva vida. Temos uma única oportunidade de viver no mundo e nos preparar para a eternidade.

O próprio Jesus viveu apenas uma única vida humana, iniciada no momento de sua concepção no seio virginal de Maria e consumada na cruz, quando exausto e sem forças, Jesus entrega sua vida nas mãos do Pai (Jo 19,30). Mas, como já dissemos, Deus não permitiu ao Cristo permanecer preso nas cadeias da morte, mas o fez receber vida nova, ressuscitando-o e reafirmando assim o valor da vida justa sobre os poderes nefastos de uma sociedade marcada pela cultura de morte.

Mas, Ele ressuscitou. O corpo físico de Jesus foi transformado em um corpo glorioso, que não ocupa mais espaço, não envelhece mais com o tempo e não morre mais. Este Cristo vivo e ressuscitado está na Eucaristia, está nos sacrários de nossas igrejas e está também na comunidade cristã, já que Ele disse: ‘Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei presente’ (Mt 18,20) ou então: ‘Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos’ (Mt 28, 20). Nada pode nos separar do amor de Cristo.

Já a teologia de oração pelos mortos alicerça-se na noção tradicional de purgatório, momento de expiação dos erros passados e de contemplação da face gloriosa de Deus. A teologia atual não aboliu a noção de purgatório. Obviamente, a ideia de um fogo devorador que aflige atemporalmente os homens e mulheres que falecem afastados de Deus recebe hoje um tratamento mais aceitável. O purgatório seria a própria percepção de não realização da missão confiada por Deus a cada um de nós. Ao deparar-nos com a imensa distância entre o ideal sonhado por Deus e o real vivido, o ser humano sofre por ter sido tão leniente. Imediatamente, entretanto, contempla a glória de Deus e nela mergulha. Rezar pelos mortos significa ajudá-los a tomar consciência de que estão afastados do ideal de Deus.

Com informações: Prefeitura Municipal, Diretório Litúrgico da CNBB e Portal da Comunidade Shalom.
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