As catacumbas romanas são o testemunho de que já nos primeiros séculos do cristianismo, os cristãos tinham o costume de venerar os corpos de alguns mártires e de alguns papas. Esses lugares convertiam-se na prática em oratórios. Um bispo cristão do século IV escrevia: “comemorarmos os que adormeceram no Senhor antes de nós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para que Deus, por suas intercessões e orações, se digne receber as nossas” (Cirilo de Jerusalém, Catequeses Mistagógicas). A festa de todos os santos começou quando o Papa Bonifácio IV converteu o Panteão (templo em honra de todos os deuses) em igreja de todos os santos, no século VII.
S. Bernardo de Claraval, do século XII, perguntava num sermão: “para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica? De que lhes servem nossos elogios? Os santos não precisam de nossas homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender um desejo veemente” (S. Bernardo, Sermo 2, em Liturgia das Horas, IV, 1º de novembro, segunda leitura).
Deus quer que nós sejamos santos e os nossos irmãos e irmãs que já estão com Cristo desejam ajudar-nos a viver em santidade, isto é, na felicidade. Já o Apóstolo Paulo fala que os fiéis da Igreja que estavam em Corinto eram “santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade” (1 Cor 1,2). Todos nós fomos predestinados “para sermos santos” (Ef 1,4). Ao escrever ao Filipenses, São Paulo fala se dirige “a todos os santos em Jesus Cristo” (Fil 1,1). Os santos da Igreja Católica são, portanto, homens e mulheres que amaram muito a Deus e cuja vida continua servindo de exemplo para nós. Também nós podemos e devemos ser santos porque fomos batizados: vivemos a vida de Cristo.
Dizemos no Credo: “Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém”. A própria Igreja é Comunhão dos santos: uma comum-união de realidade santas (fé, sacramentos, carismas, caridade) e de pessoas santas entre os três estados nos quais a própria Igreja existe (glorioso, padecente, peregrino). Somos uma família que tem um “fundo comum” de bem espirituais que são partilhados entre nós. Vivamos a comunhão dos santos em união com toda a Igreja e com todos os irmãos no mundo inteiro. Que os santos todos rezem a Deus por nós para que consigamos mais facilmente a sua misericórdia.
Pe. Dr. Françoá Costa