No último sábado (19), uma cerimônia solene marcou o sepultamento do coração de Dom Dilmo Franco de Campos (1972-2024) na cripta da Catedral Bom Jesus da Lapa, em Anápolis. O ato foi realizado em cumprimento ao desejo da Diocese de Anápolis e com a concordância de sua família. A celebração foi conduzida pelo bispo diocesano, Dom João Wilk.
Dom João explicou que, embora seja uma prática rara, o depósito do coração de um bispo no local onde ele viveu e exerceu seu ministério pastoral já foi realizado em algumas dioceses. Enquanto o corpo de Dom Dilmo foi sepultado em sua cidade natal, Formosa, Goiás, seu coração agora repousa na cripta da catedral anapolina.
A cerimônia contou com a presença da família de Dom Dilmo, membros do clero de Anápolis, seminaristas, colaboradores da Cúria e fiéis. “O coração de Dom Dilmo vai ser parte dele entre nós”, afirmou Dom João Wilk durante a celebração.
A Santa Missa, presidida por Dom João às 9h, reuniu leigos, consagrados, seminaristas e sacerdotes, e serviu como um memorial à vida e ao legado de Dom Dilmo. Em sua homilia, Dom João refletiu sobre a morte trágica do bispo, ressaltando que, para Deus, ele já havia concluído sua missão. A celebração, embora cheia de significado, ocorreu com uma leveza notável.
A prática de sepultar um órgão, especialmente um coração, não é comum, mas é uma tradição reconhecida. Dom João, com o consentimento da família, optou por esta forma de homenagem, destacando que Dom Dilmo dedicou sua vida à expansão do Reino de Deus. Ele citou um precedente na Diocese de Luziânia, onde o coração de um bispo também foi sepultado na diocese, enquanto seu corpo foi enterrado em outra cidade.
O coração de Dom Dilmo foi colocado em uma urna de madeira de castanheira, uma árvore amazônica que simboliza perenidade e adaptação. A urna é adornada com uma placa de prata que identifica o legado do bispo. Dentro da urna, o coração está submerso em formol, um meio que impede sua decomposição, garantindo que ele permaneça incorrupto por tempo indeterminado.
O Vigário Geral da diocese, Padre Edmilson Luiz, expressou gratidão aos presentes ao final da celebração, enfatizando o privilégio de guardar a memória de Dom Dilmo. Ele agradeceu à família do bispo falecido pela autorização para a reserva do coração.
Após a missa, Dom João presidiu o rito exequial, acompanhado pelos sacerdotes presentes. O coração foi então conduzido em procissão por um dos irmãos de Dom Dilmo até a Cripta Diocesana, onde a urna foi depositada em um espaço acima do túmulo de Dom Manoel Pestana, o segundo bispo da Diocese de Anápolis. A família descerrrou uma placa memorial, que registra a biografia do bispo e declara: “seu coração está aqui!”
“Descanso eterno dai-lhe, Senhor; brilhe para ele a luz eterna e o acolha no seio da Trindade Santa.” Que o coração de Dom Dilmo continue a pulsar entre nós, unindo a cripta diocesana ao alto dos céus.
Texto: Diocese de Anápolis com Marcos Vinícius Santana