Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou um documento esclarecedor sobre a atuação da Igreja durante o período eleitoral. O material aborda dúvidas frequentes dos católicos, como orientações da CNBB para o processo eleitoral, a possibilidade de padres se candidatarem e se é permitido pedir votos dentro da Igreja.
Frei Jorge Luiz Soares da Silva, assessor da Assessoria de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) da CNBB e ex-pároco da Paróquia Santa Clara em Anápolis, explica que o documento foi desenvolvido a partir das perguntas recorrentes enviadas à Conferência sobre o papel da Igreja na política, suas expectativas e níveis de engajamento no processo eleitoral.
Atuação de padres e bispos na política
O documento detalha a atuação de padres e bispos durante o período eleitoral, reafirmando as orientações da CNBB sobre a participação desses clérigos na política. Segundo Frei Jorge, a Igreja não se envolve na promoção direta de candidatos. Em vez disso, a CNBB se concentra em apresentar princípios e reflexões que ajudam os eleitores a tomar decisões informadas, alinhadas com a Doutrina Social da Igreja.
Frei Jorge destaca que não se trata de promover candidatos específicos, mas de oferecer uma reflexão sólida sobre a política, com base nos valores defendidos pela Igreja.
Candidaturas de membros do clero
Uma das principais questões abordadas no documento é a proibição de clérigos assumirem cargos públicos. A CNBB reitera que é vedado aos membros do clero participar de eleições civis, seja como candidatos ou ocupando cargos públicos, de acordo com as normas da Igreja.
Debate político dentro das Igrejas
O documento também esclarece que as Igrejas não devem se transformar em “palanques eleitorais”. A vida eclesial, incluindo celebrações e assembleias litúrgicas, deve manter-se focada na comunhão e na espiritualidade, sem espaço para campanhas políticas. No entanto, a Igreja deve criar ambientes de reflexão política à luz da Fé e da Doutrina Social, ajudando os fiéis a desenvolver uma consciência política fundamentada nos princípios católicos.
Apoio a candidatos
Embora padres e bispos, como cidadãos, tenham o direito de votar, a Igreja mantém uma posição de neutralidade política e não apoia candidatos específicos. Em vez disso, oferece orientações baseadas na Doutrina Social da Igreja. No entanto, a Igreja pode emitir declarações ou orientações sobre questões políticas que afetam os princípios fundamentais da fé e moral católica.
O documento também aborda os princípios de boa política descritos na encíclica “Fratelli Tutti” do Papa Francisco, que incluem o serviço ao Bem Comum, respeito pela dignidade humana, promoção da justiça social, combate à corrupção, cuidado com a criação, diálogo e inclusão, e promoção da paz e reconciliação.
Para mais detalhes, confira o documento na íntegra [aqui].