Diocese de Anápolis

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Cíngulo

“Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza e extingui nos meus rins o fogo da paixão, para que permaneça em mim a virtude da continência e da castidade” – reza o sacerdote enquanto amarra na túnica aquela corda branca que chamamos de cíngulo.

A Igreja sempre admirou tanto o celibato quanto o matrimônio, proclamou sempre a dignidade de um e de outro. No entanto, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, o Magistério da Igreja afirmou inequivocadamente a superioridade da virgindade ou celibato. Isento dos deveres próprios do matrimônio, o coração celibatário pode sentir-se mais disponível para o amor a Deus e aos demais; e prefigurar melhor a realidade da vida eterna que será essencialmente caridade, antecipando assim em sua carne o mundo novo da ressurreição futura. Tem, portanto, um fim mais excelente. “Por isso a Igreja defendeu sempre, durante a sua história, a superioridade deste carisma com relação ao matrimônio, pela razão do vínculo singular que tem com o Reino de Deus” (João Paulo II, Familiaris Consortio, 16). Também o Concílio de Trento afirmou que “se alguém disser que o estado conjugal deve antepor-se ao estado de virgindade ou de celibato e que não é melhor e mais perfeito permanecer na virgindade ou celibato do que unir-se em matrimônio, seja anátema” (DS 1810). O Papa Pio XI na Encíclica Sacra Virginitas (1954) diz claramente que essa doutrina é dogma de fé definida solenemente pelo Concílio de Trento, ensinada unanimemente pelo Santos Padres e pelos Doutores da Igreja (DS 3911). Vê-se essa superioridade pela vida de Cristo e da Santíssima Virgem. O Concílio Vaticano II move-se na mesma linha colocando, porém, o acento na mútua complementariedade de ambas vocações: sublinha a dignidade e valor exímio do matrimônio (LG 42) e ao mesmo tempo a excelência da virgindade, isto é, do celibato (LG 42).

Contudo, casados, solteiros e celibatários, precisam viver a castidade. Para vivê-la, além de pôr os meios naturais (como a fuga das ocasiões perigosas, a mortificação e a penitência, e o combate à ociosidade) e sobrenaturais (a oração humilde e perseverante, a devoção à Nossa Senhora, a confissão e a comunhão, a consideração frequente das maravilhas da eternidade), é necessário evitar os perigos. Como dizia Chesterton: “dê uma pancada forte em um vidro e ele não durará um instante; não lhe toque e ele durará mil anos”. É evidente: não se pode viver ingenuamente, mas atentos aos perigos que ameaçam a virtude. Os sacerdotes rezam constantemente pedindo ao Senhor, inclusive antes da celebração da Santa Missa, viverem heroicamente essa virtude que nos faz ver a Deus (cf. Mt 5,8). Peçamos também nós com eles! Os demais fiéis também podem ajudar seus pastores, os sacerdotes, a viverem santamente, ao cuidarem da modéstia e do pudor próprios, ao rezarem por eles, e ao evitar tudo aquilo que prejudique a gravidade dos padres e seu estilo estritamente sacerdotal.

Pe. Dr. Françoá Costa

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