O Altar, normalmente fixo e de pedra, deve ser o centro do presbitério. Assim o foi no começo do cristianismo até o século XI, quando o altar foi associado ao retábulo e acabou sendo o lugar onde se colocava o sacrário. A reforma litúrgica revalorizou o Altar e a atual Instrução Geral do Missal Romano diz que “o Altar, onde se encontra presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da Missa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia” (IGMR, 296).
Foi sobre os altares que as diversas religiões ofereceram seus sacrifícios. O cristianismo aproveitou essa base religiosa e elevou a dignidade dessa realidade. Em nossa santa religião, o Altar também é para o sacrifício. Sacrum-facere está na origem da palavra sacrifício, que significa uma “fazer sagrado”, isto é, oferecer algo à divindade. O que os cristãos oferecem a Deus? Oferecemos o próprio Filho Jesus Cristo. Ou melhor: Jesus Cristo sacerdote oferece-se a si mesmo ao Pai pelas mãos de seus ministros (sacerdotes) sob a ação misteriosa do Espírito Santo. A primeira vez que isso aconteceu foi na última ceia como antecipação; depois, aconteceu na sexta-feira santa na realidade cruenta de sua morte salvadora; a partir de então, acontece sempre de maneira sacramental em cada celebração eucarística. A Sagrada Escritura deixou registrada essa verdade com clareza meridiana: “todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor 11,26). A santa missa é, portanto, verdadeiro e próprio sacrifício. O altar (ara) tem em primeiro lugar o sentido sacrifical.
Contudo, esse sacrifício é oferecido também para ser comido. Trata-se de um banquete sacrifical: “ó sagrado banquete, no qual Cristo é comido, no qual recolhe-se a memória de sua paixão, no qual a alma enche-se de graça e nos é dado o penhor da glória futura” – canta a Igreja, e nós estamos nessa sinfonia. Cantaremos também que na Eucaristia está a semente da imortalidade, o penhor da glória futura. “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos” (Jo 6,53). O altar tem também o sentido de mesa na qual o banquete sacrifical é servido.
Participando do sacrifício e comendo do banquete damos graças a Deus porque ele se aproximou tanto de nós para nos salvar e nos alimentar. O Altar, finalmente, é o centro para onde converge nosso agradecimento, porque nele se faz presente o próprio Cristo, que é nossa ação de graças ao Pai.
Pe. Dr. Françoá Costa