Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

Diocese de Anápolis

As Virtudes Cristãs segundo o Apóstolo Paulo

Quando tomamos em mãos a Bíblia para saber qual é a doutrina do Apóstolo Paulo sobre as virtudes cristãs, certamente não vamos encontrar uma doutrina sistemática do Apóstolo sobre as virtudes. Ele não escreveu suas cartas para dar aulas de teologia moral sobre as virtudes que o cristão deve praticar. As suas cartas não são tratados sistemáticos sobre determinados temas, mas foram escritas ocasionalmente.

Além disso, o que São Paulo ensinou, em primeiro lugar e acima de tudo, é o que ele mesmo chama de “o mistério de Deus” ou “o mistério de Cristo” ou “o mistério da Sua vontade”, isto é, da vontade de Deus. Trata-se do desígnio eterno da sabedoria e do amor de Deus a respeito de todas as criaturas, particularmente das pessoas humanas. Este desígnio é realizado progressivamente e encontra Seu ponto central de realização na encarnação do Filho de Deus e a missão do Espírito Santo. Este é o “mistério de Cristo”, e o grande tema da pregação do Apóstolo Paulo é Cristo crucificado por amor de nós, e ressuscitado gloriosamente; Ele, o Filho de Deus, é o Salvador de todos os homens; Ele é a suprema manifestação da sabedoria e do poder do amor de Deus. Aos Gálatas, o Apóstolo escreve: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). O Filho de Deus que me amou e Se entregou por mim – aqui está o centro da pregação de São Paulo. Ou, como ele escreve aos Romanos: “Quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios” (Rm 5,6). É a grande manifestação do amor de Deus para conosco, miseráveis pecadores, que é, sobretudo, o conteúdo da pregação do Evangelho por parte do Apóstolo das nações.

Ele prega o Evangelho da salvação por nosso Senhor Jesus Cristo e quer suscitar a fé em Jesus o Salvador, pois, para ser salvo, é preciso crer n’Ele. São Paulo é bem claro em afirmar que não somos salvos por cumprir a Lei de Moisés, mas crendo em Jesus Cristo, o Filho de Deus crucificado e ressuscitado. Portanto, a salvação se obtém não pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Ora, a fé é uma das muitas virtudes cristãs. No entanto – também isso São Paulo deixa bem claro –, ela não é apenas qualquer uma das virtudes do cristão, mas a virtude fundamental para a adesão a Cristo e a salvação por Ele e n’Ele.

Porém, também é claro que a fé somente não basta. Aos Gálatas, o Apóstolo escreve: “Estar circuncidado ou incircunciso de nada vale em Cristo Jesus, mas sim a fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). A fé – crer em Jesus Cristo, crer que Ele é o Filho de Deus feito homem que nos amou e Se entregou por nós – não é suficiente; a fé tem de ser operosa, a fé tem de ter obras. E quais são ou devem ser estas obras? As obras da caridade: “a fé opera pela caridade”.

Tiremos agora a conclusão do que já vimos: O mais importante, segundo São Paulo, é aquilo que Deus fez, não o que eventualmente nós fazemos. E o que Deus fez é obra de sabedoria e amor, e isto é, como que em pessoa, Jesus Cristo crucificado que ressuscitou; é o amor de Deus em Jesus Cristo, do qual nada e ninguém nos pode separar (cf. Rm 8,35.38s); aliás, somente eu mesmo posso separar-me do amor de Deus em Jesus Cristo, fechando-me em mim mesmo, resistindo a este amor.

Em primeiro lugar e no fundamento está a obra de Deus, a realização do desígnio eterno do amor de Deus. Então, sim, vem a nossa resposta; então, sim, vem a prática das virtudes. E esta prática das virtudes não é simplesmente um exercício para ser uma pessoa boa, um exercício para se aperfeiçoar como pessoa humana, tornar-se uma pessoa virtuosa. Não, não é isso. A prática das virtudes é resposta ao dom que Deus faz de Si mesmo a nós, em e por Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Ora, nesta resposta ao dom divino, está em primeiro lugar a fé. Mas, como já vimos, a fé não é suficiente; é fundamental, mas é insuficiente para dar a resposta. É preciso que a fé opere pela caridade, pelo amor, e este amor não pode ser qualquer amor, mas tem de ser o amor que o Apóstolo qualifica, na Carta aos Romanos, com as seguintes palavras: “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Este amor, como veremos, é a virtude das virtudes, é o mais excelente que pode existir em nossa vida, e é o que sintetiza tudo, todas as virtudes, tudo que podemos fazer de bom. Mas antes de falar deste amor, é importante ler também o que precede as palavras que acabei de citar. É o seguinte: “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Assim, temos fé, esperança e amor ou caridade, estas três.

Já em sua primeira carta, a primeira carta aos Tessalonicenses, São Paulo menciona estas três virtudes, indicando que se trata de algo fundamental e essencial para a vida cristã. Ele escreve (1Ts 1,2s): “Não cessamos de dar graças a Deus por todos vós, e de lembrar-vos em nossas orações. (3) Com efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras da vossa fé, nos sacrifícios da vossa caridade e na firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai.” Ou ainda, mais adiante escreve na mesma carta: “Tomemos por couraça a fé e a caridade, e por capacete a esperança da salvação” (1Ts 5,8).

Mas é sobretudo na primeira Carta aos Coríntios que o Apóstolo evidencia a unidade e necessidade destas três virtudes, bem como a superioridade da caridade.

De fato, para falar sobre as virtudes cristãs nas cartas do Apóstolo Paulo, poderíamos começar com o capítulo décimo terceiro da Primeira Carta aos Coríntios. Este capítulo é dos mais belos que podemos encontrar nas cartas do Apóstolo. Este capítulo foi chamado “o hino da caridade (ou do amor)”. Este hino nos mostra, com toda a clareza desejável, a posição que, segundo São Paulo, tem a caridade no conjunto das virtudes cristãs, no conjunto de toda a vida cristã.

O Apóstolo usa a palavra grega agape. Em latim, ela é traduzida pela palavra “caritas”; daí vem a palavra portuguesa “caridade”. Trata-se daquele amor de Deus que, segundo Rm 5,5, está em nós pelo dom do Espírito Santo: “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Este amor é o próprio amor de Deus, comunicada a nós como uma participação do amor com que Deus mesmo ama. A origem deste amor é, portanto, Deus mesmo; a origem é o Pai que nos enviou Seu Filho e o Espírito Santo. É o amor que vem de Deus e volta para Deus, pois com este amor nós podemos amar a Deus com o amor com que Ele mesmo nos ama.  E com este amor de Deus para com os homens, nós também podemos, então, amar os homens, a exemplo do amor de Deus, de Cristo para com os homens pecadores. Por isso, São Paulo pode exortar os cristãos em Éfeso: 
“Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor” (Ef 5,2).

Notemos: o Apóstolo diz que Cristo Se entregou a Deus; portanto, trata-se do amor de Cristo a Deus. Mas Ele Se entregou a Deus por nós; portanto, em benefício de nós. Por isso, é ato de amor a nós. E este amor todo – amor a Deus e amor aos homens – que os cristãos devem viver e nele progredir sempre mais.

Voltemos para o hino da caridade. Depois de ter falado dos diversos carismas, São Paulo introduz esse hino com as seguintes palavras: “Aspirai aos dons superiores. E agora, ainda vou indicar-vos o caminho mais excelente de todos” (1Cor 12,31).

Nenhum carisma, por mais sublime ou extraordinário que seja, pode ser igualado ao amor, “derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). O amor está acima de tudo e sem o amor nada tem um valor que permanece para a vida eterna, nada tem o valor de ser um passo rumo à união perfeita e bem-aventurada com Deus. Sem esse amor divino em nossos corações falta-nos o caminho para Deus. E este amor é o caminho mais excelente de todos. Afinal, é o caminho, o único caminho. Segundo a palavra de Jesus no Evangelho de São João, Jesus é o caminho, o único caminho. Também o é segundo São Paulo, uma vez que do amor de que ele fala, Jesus é a manifestação suprema. Se quisermos viver este amor, se quisermos andar neste caminho, se quisermos saber como realizar esse amor, temos de olhar para Jesus e segui-l’O, imitar Seu exemplo. Segundo uma bela comparação de São Paulo, trata-se de “revestir-se de Jesus Cristo”: “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites” (Rm 13,14).

Vejamos agora, brevemente, o que o Apóstolo diz da virtude do amor, da caridade, do caminho, portanto, que o cristão deve percorrer se realmente quer dar a resposta ao dom do amor divino, imitando a Jesus.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.

Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.

Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!”

Os atos mais heróicos não têm valor para a vida eterna, para a vida de união com Deus, se não forem animados, vivificados, penetrados pelo amor.

Em seguida, São Paulo nos apresenta características desse amor.
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O que significa tudo isso? Significa que a caridade não é simplesmente uma das virtudes da vida cristã, ainda que fosse a mais sublime e perfeita, mas ela resume em si todas as virtudes. Pois quem tem a verdadeira caridade, quem verdadeiramente se deixa determinar, em seu pensar, falar, agir e desejar, pela caridade, este não faz o mal, este pratica todas as outras virtudes: “A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

A paciência, a bondade, o altruísmo (pensar nos outros, não só em si mesmo), a mansidão, o saber desculpar, compreender o outro, a própria fé e a esperança, afinal, todas as virtudes estão, de alguma maneira, contidas na caridade, no amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. São Paulo o diz também na Carta aos Romanos, quando escreve o seguinte: 
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. Pois os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei” (Rm 13,8-10).

Por conseguinte, Sto. Agostinho entendeu bem a São Paulo, quando disse: “Ama, e faze o que quiseres”. Pois, se você amar verdadeiramente, com o amor autêntico, você não vai fazer alguma coisa que seja contra a vontade de Deus, que desagrade a Deus e faça mal ao próximo. Se você amar a Deus e, por isso mesmo, ao próximo, você só vai desejar cumprir a vontade de Deus, só vai querer bem a Deus e ao próximo. Você vai querer falar com Deus, você vai participar da liturgia, do culto de adoração a Deus pelo santo sacrifício; você vai tudo fazer por amor de Deus e para Sua glória; você vai procurar fazer tudo com perfeição, o quanto puder; você vai ser justo para com todos e, além disso, vai ser misericordioso, compreensivo, indulgente, pronto a perdoar sempre de novo – e assim por diante. De fato, a caridade é paciente, é bondosa, é compreensiva, é justa, não comete injustiça alguma, mas, por sua vez, é capaz de sofrer injustiças sem se vingar, sem odiar o autor da injustiça, mas amá-lo interceder por ele, oferecer seus sofrimentos pela salvação dele, e assim por diante.

De tudo isso concluímos que, segundo o Apóstolo Paulo, as virtudes do cristão podem, todas elas, ser resumidas na grande virtude da caridade, que é o seguimento perfeito de Jesus Cristo, que nos amou e Se entregou por nós a Deus Pai.

No entanto, continuemos ainda no hino da caridade. São Paulo nos apresenta ainda outra qualidade da caridade: ela nunca passará; ela é uma realidade que já faz parte do mundo futuro, da eternidade, da vida eterna com Deus e em Deus:
“A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita.

Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.

Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido.”

Segundo São Paulo, é pela caridade que o cristão já participa, de alguma maneira, do mundo futuro, já é cidadão do céu; Deus já reina no cristão, em sua vida e seu pensar, deseja e, agir; nele, o Reino de Deus já é uma realidade. E tudo isso é verdade, é assim, por causa da caridade, por causa do amor de Deus no coração do cristão. Pois a caridade não passará. A caridade que nós hoje possuímos e podemos e devemos viver, praticar na nossa vida concreta, de dia-a-dia, já é a caridade que teremos também nos Céus, na vida futura. Quanto à fé, no Céu não vamos mais precisar da virtude da fé; em lugar da fé, termos a visão imediata de Deus. A mesma coisa vale para a esperança: no Céu não haverá mais esperança, porque aquilo que esperávamos na terra, será então a nossa posse. Não precisa mais esperar. Mas a caridade ficará a mesma, não será outra caridade, outro tipo de caridade; apenas será a caridade sem nenhuma imperfeição, sem deficiência, sem “distração”; será a caridade realizada com a totalidade do coração, de todas as forças, mas a mesma caridade. Portanto, a caridade é eterna. Pela caridade, a nossa vida de cristão já é um início da vida eterna.

O Apóstolo o diz, por exemplo, quando escreve aos Filipenses: “Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3,20). Já somos cidadãos dos Céus, onde Cristo glorificado Se encontra. Em Ef 2,6, o Apóstolo afirma até mesmo que, “juntamente com Ele (= Cristo), nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus”. É assim, pois o amor de Deus, derramado pelo Espírito Santo em nossos corações, nos une com Jesus nos Céus.

Portanto, é claro que a caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes que nós chamamos virtudes “teologais”, quer dizer, as virtudes que se referem diretamente a Deus mesmo.

Assim chegamos ao final do hino da caridade. Este termina com as seguintes palavras: “Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.”

Tanto a fé, como também a esperança e a caridade referem-se diretamente a Deus, mas a virtude que nos faz ter verdadeiramente uma união com Deus, com Cristo, a virtude que nos faz ser um com Ele, é a caridade, o amor, a agape. Nesta vida na terra, precisamos muito de fé, muito de esperança também, mas maior do que estas virtudes é a caridade. Ele é mesmo, como diz São Paulo, o “vínculo da perfeição”: “Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3,14); isto quer dizer: a caridade é aquilo que resume e une tudo e o leva à perfeição: ela resume em si todas as virtudes, e nenhuma virtude pode ser perfeita sem a caridade, se não for animada pela caridade. “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1Cor 16,14).

É claro que São Paulo não fala apenas da caridade, bem como da fé e da esperança, mas de muitas outras virtudes. Porém, toda esta prática de virtudes, segundo ele, deve ser “no Senhor” (cf. Cl 3, 18), ou seja, “na caridade” (1Cor 16,14), já que o Senhor Jesus Cristo é para nós a manifestação suprema da caridade divina.

Por isso, cito mais uma vez Ef 5,2: “Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor.”

Daí derivam todas as outras virtudes a praticar. Todas têm, afinal, o sentido de conformar-nos com Cristo, de seguir o Seu exemplo, de tornar operosa a nossa fé n’Ele, e isto, como já vimos, pela caridade (“a fé que opera pela caridade”).
Outras virtudes que o Apóstolo exorta a praticar são – sem querer dar uma lista completa: 
a mansidão (cf. 1Cor 4,21; 2Cor 10,1; Gl 6,1; 1Tm 6,11; Tt 3,2), 
a misericórdia (compaixão; cf. Rm 12,8; Cl 3,12; Fl 2,1), 
a paciência (cf. Rm 5,3s; 8,25; 2Cor 1,6; 12,12; Gl 5,22; Cl 1,11; 3,12; 1Ts 5,14; 2Ts 3,5: “Que o Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e a paciência de Cristo”; 1Tm 6,11; 2Tm 3,10; 4,2; Tt 2,2), 
a perseverança (cf. Rm 2,7; 12,12), 
a justiça (cf. Rm 8,4; 14,17; 1Cor 1,30; Ef 4,24; 5,9; 6,14; 2Tm 2,2 e outros), 
a fortaleza (cf. 2Tm 1,7; 1Cor 16,13),
a magnanimidade, grandeza de alma (cf. 1Tm 1,16; Ef 4,2),
a “humildade e amabilidade” (Ef 4,2), 
a “pureza, ciência, longanimidade, bondade” (2Cor 6,6), 
a “paz, afabilidade, bondade, fidelidade” (Gl 5,22), 
a obediência e generosidade (cf. 2Cor 9,13), 
a piedade (cf. 1Tm 6,11), 
a prudência (cf. 2Tm 4,5; Tt 2,5), 
a castidade (cf. 1Tm 3,4; 4,12; Tt 2,5),
a modéstia (cf. Rm 12,3; 12,16),
o temor de Deus (cf. 2Cor 7,1), 
a veracidade (cf. Cl 3,9),
o respeito (reverência) (cf. Rm 13,7; 1Cor 11,4s; 2Cor 7,15).

Ouçamos ainda alguns trechos das cartas de São Paulo que falam de determinadas virtudes:
 “Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos” (Fl 2,3).
“… com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade” (Ef 4,2).
“Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência” (Cl 3,12).
“… torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” (1Tm 4,12).
“Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12,12).
 “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças” (Cl 4,2).
“Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade” (Gl 5,13).
 “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,1-2).
“Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos” (Fl 4,8).
Por fim, podemos dizer que a prática das diversas virtudes manifesta o “homem novo”, recriado em Cristo (Ef 2,15; Cl 3,9s). Em primeiro lugar está a ação, o dom de Cristo, que, pelo Batismo, nos faz uma “nova criatura” , um “homem novo”, conformado ao novo Adão, que é Cristo.

Primeiro está o dom divino, mas então o dom se torna tarefa: é preciso viver o dom recebido, vivê-lo com atitudes e atos concretos na vida do dia-a-dia. Aqui está toda a prática das virtudes como vida de seguimento de Jesus. São Paulo o diz aos Filipenses: “Cumpre, somente, que vos mostreis em vosso proceder dignos do Evangelho de Cristo. Quer eu vá ter convosco quer permaneça ausente, desejo ouvir que estais firmes em um só espírito, lutando unanimemente pela fé do Evangelho” (Fl 1,27).

Evidentemente, não podemos amar com um ato infinito de amor, isto é, com o amor divino como tal. O nosso ato de amor sempre será finito, pois somos criaturas e nunca seremos Deus mesmo. Por isso falamos de uma “participação” do amor divino. 
2Cor 5,17: “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” Gl 6,15 “Porque a circuncisão e a incircuncisão de nada valem, mas sim a nova criatura.”

Pe. Nathanael Thanner, ORC

Rolar para cima