Amar
Uma das frases mais escritas e mais lidas por aí se resume no amor de Deus. Em quantas placas lemos: Deus te ama; em quantos para-choques de caminhões encontramos: Deus é amor, Jesus te ama etc. Gostamos de nos sentir amados e precisamos nos sentir amados, porque só quando nos sentimos amados que conseguimos amar.
Uma maravilhosa realidade, a mais elevada história de amor, a maior paixão já vivida: Deus nos ama. Uma realidade constatada na cruz, experimentada nos sacramentos da Igreja, percebida na nossa vida diária, na providência que nunca falta, na proteção que é constante, nas graças que recebemos…
A mais bela certeza de nossa vida: Deus nos ama com um amor total, verdadeiro e real.
Amor com amor se paga. Quando refletimos sobre esse amor de Deus por nós, somos capazes de iniciar uma verdadeira conversão ao amor de Deus. Somente quando vemos um amor gratuito, um amor independente dos nossos merecimentos é que brota no mais profundo do nosso coração um sentimento de gratidão, um desejo de retribuição, uma resposta de conversão.
A relação de amor não se fixa num comércio de compra e venda, de um dou esperando que me devolva ou retribua. Deus nos dá as graças e o que necessitamos sem esperar algo em troca, mas é nosso espírito nobre, nossa consciência fina, nosso bom caráter, o senso comum, que nos faz tentar retribuir, mesmo sem conseguir plenamente, o amor recebido de Deus. Deus não espera nossa retribuição de amor; nosso amor por Ele não incrementa em nada sua divindade e sua felicidade. Ele nos dá o seu amor esperando que nós sejamos felizes com esse amor. A retribuição brota não de uma exigência de Deus, mas de uma consciência de nós homens que tanto recebemos e tão pouco damos.
Qualquer ser humano, por mais pobre que seja, mais ignorante que esteja, mais sórdido e pecador, possui a consciência de gratidão, buscar retribuir o pouco do muito que se recebe.
Assim, nosso compromisso de amar a Deus brota nem tanto de nossa dignidade ou santidade, mas de nossa consciência de gratidão, nossa necessidade de uma íntima união com Aquele que tudo pode nos dar e que sustenta toda a criação; nossa santidade e nossa dignidade são consequências de nossa consciência em retribuir ao amor que recebemos, porque quando amamos, guardamos os mandamentos, quando se ama, tudo é permitido com tal de não magoar Aquele que se ama. Assimse expressava Santo Agostinho: “ame e faça o que quiseres”. Quando amamos procuramos estar com aquele que amamos, procuramos fazer aquilo que Ele nos pede, ficamos preocupados em fazê-lo feliz com nosso comportamento, estar atento ao que Ele nos fala… Disso brota a santidade e nisso conhecerão que amamos a Deus, se guardamos os seus mandamentos.
Amar é mais que sentir. É atuar, é agir, Amar é mais que guardar no bolso as palavras do amado, mas é escrever nas atitudes diárias, nas decisões cotidianas a vontade daquele que se ama. Deus nos ama, isso já sabemos, mas será se nós O amamos? Uma reflexão diária, um propósito concreto e uma atitude verdadeira somos convidados a fazer, pois se queremos amar a Deus devemos guardar seus mandamentos.
Pe. Carlito Bernardes