Jesus é a videira, nós somos os ramos. Escutemo-lo: “permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Como ficar sempre com o Senhor? Comentando Jo 15, São Josemaria Escrivá aconselhava que essa união se desse através da Palavra e do Pão (Caminho, 437), da oração e da Eucaristia. Entenda-se por oração um diálogo no qual Deus nos fala e nós falamos a Deus.
Deus nos falou na sua Palavra (cf. Jo 1,1-18) e nós nos comunicamos com ele pela nossa palavra humana. Assim como a Palavra de Deus se nos manifesta também pela Sagrada Escritura, a nossa palavra também deve ser manifestada a Deus pelas Sagradas Escrituras. A Liturgia da Igreja, especialmente na Santa Missa, nos faz rezar com a Palavra e através da Palavra, isto é, em e por Jesus Cristo. Por outro lado, as palavras com as quais nos dirigimos a Deus devem estar moldadas pela própria Palavra de Deus. Na celebração da Santíssima Eucaristia, rezamos ao Pai pelo Filho no Espírito Santo utilizando salmos, hinos, cânticos e leituras tirados das Sagradas Escrituras. Essa sempre foi uma tradição ininterrupta na oração da Igreja. Cada domingo, a Igreja nos oferece um verdadeiro manjar escriturístico: primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento (os “Profetas”); salmo; segunda leitura, normalmente tirada das Cartas de São Paulo (“leitura do Apóstolo); Evangelho, momento mais importante da Liturgia da Palavra.
Podemos ler a Bíblia em casa, mas, com certeza, “quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala a seu povo, e Cristo, presente em sua palavra, anuncia o Evangelho” (Instrução Geral do Missal Romano, 29). Isto é, Deus sempre fala ao seu Povo durante as Leituras na Sagrada Liturgia. Quando chega o momento do Santo Evangelho tudo se soleniza: ficamos em pé, canta-se o aleluia, leva-se o Evangeliário processionalmente rumo ao ambão, utiliza-se o incenso e, por vezes, até se canta a Boa Nova de Jesus Cristo; no final, um beijo no livro santo e, se for bispo, pode até abençoar o povo com o Evangeliário. Tudo isso porque o Evangelho é o coração das Escrituras! Nós estamos aqui para aprender alguma coisa. É preciso que mantenhamos sempre essa atitude de escuta, a vontade de formar-nos, de conhecer mais e mais a Cristo, de amá-lo cada vez mais. Quantas passagens do santo Evangelho lidas já muitas vezes e quantas novas iluminações são-nos concedidas em cada nova leitura. Lembremo-nos que “o domingo é um tempo de reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento da vida interior cristã” (Cat., 2186); é tempo de escuta da Palavra de Deus!
Pe. Dr. Françoá Costa