A correta celebração da Santa Missa de maneira nobre e simples chama-se “arte celebrativa” (ars celebrandi). Félix Maria Arocena, dá uma definição da arte de celebrar que vai à questão mais profunda, isto é, à atitude espiritual do celebrante. Segundo Arocena, ars celebrandi é a expressão do caminho de fé que segue, como consequência, o espírito de quem modera a celebração. Reconhecer a grandeza de Deus (a glória de Deus) e receber a salvação que Deus oferece (que será salvação para o homem) são, na economia da salvação, duas caras de uma mesma moeda. Receber, na fé, a salvação e celebrá-la na liturgia são duas realidades que vão sempre unidas na sagrada liturgia. O moderador da celebração, isto é, o sacerdote, presidirá a celebração com arte se ele souber que o primeiro agente é Deus, é ele quem faz a sua arte, a sua obra de beleza. É preciso recordar e voltar sobre esse tema frequentemente: a liturgia é obra de Deus a favor dos homens. O sacerdote não é o centro da celebração, mas o próprio Cristo.
A arte celebrativa, nesse sentido, não é a mera obediência a um conjunto de regras, de rubricas, mas é uma realidade que tem uma raiz muito mais profunda: a atitude espiritual do celebrante inserido em Jesus Cristo sendo ele mesmo outro Cristo, o mesmo Cristo para a comunidade que participa nos Sagrados Mistérios. Já que “ninguém jamais viu Deus”, devemos aproveitar porque “o Filho único, que está no seio do Pai” o revelou (Jo 1,18) e continua a fazer-se presente em cada celebração litúrgica. Para encontrar-nos a nós mesmos, organizemos um almoço, um jantar, um momento qualquer de diversão; para encontrarmos a Deus, celebremos os divinos mistérios na sagrada liturgia com alegria, devoção, fé e adoração.
“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19). Nesse sentido, convido a descobrirmos a grande capacidade evangelizadora da celebração da Santa Missa. Todos, sacerdotes e demais membros do Povo de Deus, cada um realizando suas próprias funções na celebração da Santa Missa, desejemos que aconteça através de nós aquilo que João Batista queria: que Jesus cresça e nós diminuamos! Que somente Jesus apareça nas nossas celebrações! É ele quem atrai as pessoas. Façamos as coisas com ordem e decoro, com beleza e em espírito de adoração e… que somente Jesus brilhe!
Pe. Dr. Françoá Costa