Talvez você se lembre das Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, seja como livro seja como filme. Quiçá se recorde daquele momento em que, após passar através do guarda-roupa, para um mundo que simboliza a eternidade, os pequenos protagonistas olham em primeiro lugar rumo a um poste de luz, simbolismo este que poderia trazer às nossas mentes a imagem do próprio Cristo, luz do mundo (cf. Jo 8,12). E para onde se dirigem nossos olhares quando entramos em nossas igrejas? Para o centro, para o Altar, símbolo de Cristo, nossa luz. Procuramos, em seguida, aquele “poste de luz” enrubescida, que indica a presença real de Jesus Cristo no Sacrário. Sabendo que encontraremos sempre essas realidades, é preciso que aprendamos a entrar em nossas igrejas com recolhimento, em silêncio, dedicando-nos a quem viemos procurar: Deus!
Bento XVI começava a sua Carta Apostólica Porta fidei de 2011, com a qual proclamava o Ano da Fé (2012-2013), com as seguintes palavras: “a porta da fé (cf. At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Batismo (cf. Rm 6, 4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos creem n’Ele (cf. Jo 17, 22). Professar a fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – equivale a crer num só Deus que é Amor (cf. 1 Jo 4, 8): o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor”.
A porta (material) da igreja poderia ser um despertador para a nossa consciência: estamos na presença do Santo! Devemos comportar-nos com filial respeito na presença de Jesus. Ao passarmos pela porta, devem ficar muitas coisas do lado de fora: modinhas indecentes, chicletes, conversinhas desnecessárias etc. Voltemo-nos para Deus e para os irmãos. Louvemos o Senhor e o adoremos com todo o nosso ser, especialmente em cada santa missa!
Pe. Dr. Françoá Costa