O Catecismo da Igreja Católica vê a morte como aquilo que verdadeiramente é: separação entre a alma e o corpo (cf. Cat. 624). E enfatiza que com o sepultamento do Senhor podemos ver a sua verdadeira morte, ao mesmo tempo em que sublinha a permanência da encarnação, isto é, durante o tempo em que cristo permaneceu morto, a Pessoa divina mantinha unida a si o corpo e a alma de Cristo, que por sua vez encontravam-se separados. Neste ponto, o Catecismo cita um texto de São João Damasceno, do qual são essas palavras: “(…) na Morte, embora separados um do outro, ficaram cada um com a mesma e única pessoa do verbo” (em Cat. 626). É importante observar também que o Catecismo nos fala da incorruptibilidade do Corpo de Cristo quando se separa de sua alma e, citando a São Tomás de Aquino, diz que “a virtude divina preservou o corpo de Cristo da corrupção” (em Cat. 627). Sobre este tema pode ver-se ainda algumas passagens bíblicas: “porque não abandonarás minha alma no Hades nem permitirás que teu Santo veja a corrupção” (At 2,27); “Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Cor 15,3-4); veja ainda Is 53,8; Lc 24,46; At 2,24.
A descida à mansão dos mortos (parte inferior = infernos) encontra-se explicitamente na Profissão de Fé da Igreja. Mas, a que infernos Cristo desceu? À morada dos mortos, para libertar aqueles que descansavam no “seio de Abraão” (cf. Lc 16,22-26), isto é, os justos. A descida do Senhor aos infernos, em primeiro lugar, significa a verdadeira morte dele, que Ele conheceu como todos os outros seres humanos, tanto assim que também esteve com sua alma na Morada dos Mortos enquanto o seu corpo permanecia no sepulcro. Esta descida, no entanto, não significa somente isso, pois Cristo lá desce como o Senhor para libertar os justos, como já antes ficou dito: “Cristo desceu, portanto, no seio da terra (Cf. Mt 12,40; Rm 10,7; Ef 4,9), a fim de que “os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem vivam” (Jo 5,25). Jesus, “O Príncipe da Vida” (Cf. At 3,15), “destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, o Diabo, e libertou os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte” (Hb 2,14-15). A partir de agora, Cristo ressuscitado “detém a chave da morte e do Hades” (Ap 1,18)” (Cat. 635)
Pe Françoá Costa