Diocese de Anápolis

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19º Domingo do Tempo Comum: “Sublime invenção”

A intensidade do amor divino não se restringe apenas em sua vida intratrinitária, mas se transborda na eminência da criação. Tudo o que existe, vive e respira é expressão mais clara e vívida do amor de Deus. Toda a criação exprime a radicalidade de um amor que doa a vida e que torna possível a existência. Se existimos é porque fomos e somos amados pela onipotência divina. Deus cria por amor e se compromete pelo amor, não abandona a criação ao mero destino desnorteado pelo tempo, ou some nas profundezas dos próprios interesses divinos desinteressando da sua obra. Quem ama cria um verdadeiro interesse que se compromete na presença da pessoa amada, pois cativa na doação a afeição daquele que é amado tornando-se um com o amante. A presença se torna a mais bela e intensa expressão de amor do Deus criador.

Onde encontrar-Te? Onde devemos ir? O que devemos fazer? Como um grito de desespero a criação clama pela presença do amado, temos sede da onipotência divina, temos fome de Deus, ansiamos no mais profundo a divindade. Vemos a Deus nas entrelinhas da vida, no decorrer da nossa história, sentimos sua presença na natureza, constatamos sua proteção em meios aos perigos… Mas de forma específica experimentamos sua presença na Eucaristia. O Divino quer estar junto à sua criação, quer se fazer presente de tal forma, tão unidos como o amante no amado e o amado no amante. A Eucaristia é a maior e mais sublime invenção de Deus que se tornou o maior e mais deleitável presente para os homens; é o alimento salutar, é a superação de todas as nossas expectativas, o cumprimento de todos os nossos desejos, a saciedade de toda a nossa fome de eternidade. A Eucaristia se torna um completo absurdo do amor de Deus por sua criatura, jamais nós homens condensaríamos a onipotência da divindade em um pedacinho de pão, jamais teríamos a capacidade de inventar a Eucaristia, partindo de nós seria uma completa blasfémia. A Eucaristia não é porque nós queremos, mas porque Deus quis estar junto a nós, se dar como alimento a nós, ser um conosco para divinizar em nós a pobreza da criação, e sendo grande se faz pequeno para que nossa pequenez fosse elevada à dignidade da divindade.

A palavra Eucaristia” vem do grego (“Eu” + “Charistos”) que normalmente se traduz como “bom presente”, entretanto a partícula “eu” é um advérbio de modo, ou seja, expressa a forma, a maneira de quem se doa: “Eucaristia” seria “o dom (ou presente) de Deus que se doa de bom grado, livremente, por amor e com amor”. Na própria palavra “Eucaristia” fica patente o desejo divino que ultrapassa completamente nossas categorias humanas e se revela como inefável mistério de amor, absurda loucura divina, sublime invenção de Deus. Estupefato contemplamos a candura da hóstia consagrada e no silêncio da adoração ansiamos passar pela penumbra da fé para contemplá-Lo na eternidade tal qual é na Eucaristia.

Pe. Carlito Bernardes Oliveira Júnior
Paróquia Divino Pai Eterno
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