Diocese de Anápolis

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11º Domingo do Tempo Comum: “Quer dar fruto de verdade? Aprenda a ir dormir!”

No evangelho de hoje, Nosso Senhor nos apresenta duas parábolas. Vamos meditar apenas a primeira, a da semente que cresce sozinha, que nos mostra que é Deus quem faz crescer, não o homem. Nossa única missão é continuar semeando. “A semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27). Quando vai chegar o tempo da minha colheita? Não sei! Quando vou vencer aquele vício contra o qual luto há tantos anos? Não sei! Quando meu marido, minha esposa ou meus filhos vão se converter? Não sei! Quando meu esforço, minha oração, meu investimento vão dar fruto? Não sei! E não preciso saber, porque não consigo controlar tudo o que me acontece nem prever todos os resultados. E está tudo bem as coisas serem assim. É a vida! Paz ao coração que aceita essa verdade.

No fundo, mesmo depois de tantos séculos, ainda continua nos atraindo a “tentação original”, a promessa da serpente a Eva no paraíso: “no dia em que dele (do fruto) comerdes, sereis como Deus” (Gn 3,5). Só Deus é Deus! E nem mesmo ele quer fazer tudo sozinho. “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho). A Divina Providência trabalha sempre com a colaboração da nossa liberdade. É o famoso “faça que Deus ajuda”. Não posso ficar com os braços cruzados, mas não adianta querer abraçar o mundo com eles.

Por isso, como o semeador da parábola, posso “ir dormir” depois de ter feito o que eu poderia, porque “não dorme nem cochila aquele que é o guarda de Israel” (SI 120); por isso, tenho o direito de não me estressar tanto e de não trabalhar em excesso já que “é inútil levantar de madrugada, ou à noite retardar vosso repouso, para ganhar o pão sofrido do trabalho, que a seus amados Deus concede enquanto dormem” (SI 126,2); por isso, não tem sentido desacreditar que as coisas vão dar certo uma vez que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28); por isso, as coisas ruins que me acontecem não me podem roubar a paz visto que “Deus só permite o mal para fazer surgir dele algo melhor” (S. Tomás de Aquino).

É preciso aprender a “viver o processo”. Esperar o que parece estar demorando e acreditar que, na verdade, Deus não demora, ele capricha! “Isso não nos deixa parados, ociosos, negligentes com nossa missão e salvação, mas ao mesmo tempo sem ansiedades” (Bento XVI). Em resumo, nosso plano de vida deve ser a famosa regra de Santo Inácio de Loyola: “Age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que, na realidade, tudo depende de Deus”.

Pe. João Paulo Cardoso de Morais
Roma - Itália
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