Tendo passado pelos 40 dias de “deserto” espiritual, sendo preparados pelo jejum, esmola e oração, após percorrer o Tríduo da Paixão, Morte e Ressureição do Senhor, enfim chegamos ao Domingo da Páscoa, ao Primeiro dia da Semana, ao Oitavo Dia, ao dia que o Senhor fez para nós: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos! Aleluia”. Foi para este dia que a Quaresma nos preparou, um dia que se estenderá pelos próximos oito dias, “Oitava da Páscoa”; um dia que se estenderá pelos próximos cinquenta dias, “Tempo Pascal”; um dia que se estenderá por toda nossa vida e especialmente na vida eterna.
Recebemos esta grande notícia, e da ressurreição, do próprio Apóstolo João, que entrou na caverna onde Jesus havia sido sepultado e não encontrou o corpo do Divino Mestre. Mesmo ainda sem compreender o que tinha acontecido, “ele viu, e acreditou”. Não se diz em que acreditou, mas apenas que ele acreditou. Eventos e aparições posteriores irão comprovar a ressurreição, mas neste momento o discípulo amado acreditou. Aquele que tanto amou é tocado por aqueles acontecimentos e acredita.
Hoje, são tantas as realidades que são desfavoráveis para nós acreditarmos, tantas coisas que nos fazem ter dúvidas, tantos acontecimentos que querem minar o nosso acreditar, vão minando a nossa fé e nós vamos exigindo cada vez mais evidências e sinais para acreditarmos, vamos tentando a Deus com nossas exigências e aí eu vos pergunto: então, qual o sentido da fé? O apóstolo viu o túmulo vazio, faixas no chão, “viu e acreditou”, foi tão pouco que ele viu e foi tão grande a fé; nós vemos tantas maravilhas de Deus, diariamente, mas exigimos sempre mais de Deus, cada vez mais, e quando nossa “gula” não é satisfeita, reclamamos de Deus, fazemo-nos de vítimas, fechamos os nossos olhos e colocamos a culpa em Deus, recebemos tanto, vemos tanto e nossa fé é tão pouca. Restando ao Senhor falar também para nós: “Esta geração má pede um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado”.
Ressurreição é vida nova, transformação, do velho ao novo, da morte à vida, do pecado à graça, do ódio ao amor, da dúvida à certeza, do mundo ao céu, do mal ao bem, das trevas à luz admirável. “Eis a luz de Cristo”, Eis a luz que é Cristo, que adentrou o nosso interior e que iluminou as nossas trevas, esta luz que iluminou o túmulo onde o corpo de Jesus estava, que retirou a pedra, que permitiu que o apóstolo entrasse e que pudesse ver e acreditar. “Ele viu, e acreditou”. Nós podemos acreditar, para que um dia possamos realmente ver.
Feliz e abençoada Páscoa!